Rio de Janeiro - A presidente Dilma Rousseff realizará uma visita de Estado a Washington em outubro, algo que os Estados Unidos esperam que marque o início de uma nova era nas relações com o Brasil e com a região, anunciou nesta quarta-feira (29/5) o vice-presidente americano, Joe Biden, no Rio de Janeiro.
O presidente Barack Obama "me pediu para convidar sua presidente para ir a Washington para a única visita de Estado que será realizada este ano", disse Biden diante de dezenas de empresários e autoridades brasileiras em um discurso ao ar livre na zona portuária do Rio de Janeiro.
As visitas de Estado são reservadas aos sócios mais estratégicos de Washington, e incluem discursos no Congresso e um protocolo especial, assim como um jantar de gala na Casa Branca.
No momento em que a influência dos Estados Unidos diminui na região e a do Brasil segue crescendo, Biden fez um discurso carregado de elogios ao país, destinado a convencer até os mais céticos sobre a necessidade de aprofundar o comércio e os investimentos.
"Já não podemos nos referir ao Brasil como um país emergente, vocês emergiram e todos perceberam", disse Biden, lembrando que a economia brasileira, a sétima do mundo, é maior que a da Índia ou da Rússia, dois de seus sócios no bloco dos Brics.
O ano de "2013 é o início de uma nova era das relações Brasil-Estados Unidos", disse Biden, que se reunirá com Dilma Rousseff na sexta-feira em Brasília, assim como com o vice-presidente Michel Temer.
"Obama e eu acreditamos que o momento apresenta uma oportunidade incrível para uma nova era de relações entre Estados Unidos e as Américas (...) Mas nenhum sócio é mais significativo nesta empreitada que o Brasil", afirmou.
A Casa Branca informou em um comunicado que a visita de Dilma será realizada no dia 23 de outubro. Será a primeira visita de Estado durante o segundo mandato de Obama.
Em seu primeiro governo, Obama recebeu em visitas de Estado líderes de outras potências emergentes, como Índia e China, mas ainda não havia convidado a presidente brasileira.
O líder americano também já recebeu em visita de Estado os presidentes de Alemanha, México e Coreia do Sul.
Esta será a primeira visita de Estado de um presidente do Brasil aos Estados Unidos desde a realizada por Fernando Henrique Cardoso em 1995.
Biden pediu que o passado seja deixado para trás e para que se imagine o que a primeira e a sétima economias do mundo "podem fazer com mais comércio e investimentos".
Os Estados Unidos são o segundo sócio comercial do Brasil, atrás da China, que os ultrapassou em 2010.
Washington está interessado nas gigantescas reservas petrolíferas em águas profundas - conhecidas como "pré-sal" - que o Brasil descobriu em 2007.
Já o Brasil está interessado na tecnologia americana para explorar reservas do gás de xisto, que alterou o mapa energético dos Estados Unidos.
Outros temas na agenda bilateral são a eliminação mútua de vistos de turismo para brasileiros e americanos e a multimilionária compra por parte do Brasil de 36 aviões-caças, adiada várias vezes e disputada pela americana Boeing, pela francesa Dassault e pela sueca Saab.
Obama visitou o Brasil em março de 2011, primeiro ano de governo de Dilma, que retribuiu a visita um ano depois.
Os dois países mantêm uma política de relações cordiais, mas de forma diferente da levada adiante no governo de Luiz Inacio Lula da Silva (2003-2010), que nunca foi convidado a uma visita de Estado por Washington. O governo de Dilma é considerado menos ideológico e mais pragmático pelo governo americano.
Biden, que se reunirá na tarde desta quarta-feira no Rio de Janeiro com representantes da Petrobras, encerrará na sexta em Brasília uma viagem que também o levou à Colômbia e a Trinidade e Tobago.