Madri - Os físicos Peter Higgs e François Englert e a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) foram anunciados nesta quarta-feira (29/5) como os vencedores do prêmio Príncipe das Astúrias de Ciência pela formulação teórica e a descoberta da existência do ;Bóson de Higgs;.
Conhecido também como a "partícula de Deus", o Bóson de Higgs consiste em uma partícula subatômica na origem da massa de outras partículas, cuja existência foi formulada teoricamente de maneira separada em 1964 pelo britânico Higgs e o belga Englert, que colaborava com o compatriota Robert Brout, falecido em 2011.
Depois de quase 50 anos de tentativas frustradas de encontrar o bóson, o CERN anunciou a descoberta em 4 de julho de 2012 graças ao maior acelerador de partículas do mundo, situado sob sua sede em Genebra. "A descoberta do Bóson de Higgs constitui um exemplo emblemático de como a Europa tem liderado um esforço coletivo para resolver um dos enigmas mais profundos da Física", argumentou o júri do prêmio.
"Estou contente e me sinto honrado por ter sido premiado com o prestigioso Prêmio Príncipe de Astúrias", indicou Englert em um comunicado, no qual também quis homenagear Brout. "Aceito com satisfação este prestigioso prêmio, que reconhece que a ciência se celebra mediante a colaboração da teoria e da experimentação", afirmou Rolf Heuer, diretor-geral do CERN.
A descoberta do bóson de Higgs, partícula responsável por dar massa a todas as demais, completou o "modelo padrão" (a teoria da estrutura fundamental da matéria elaborada nos anos 1960 para descrever todas as partículas e forças do universo) e permite vislumbrar como se formou o universo logo após o Big Bang.
"Com este modelo podemos entender o universo atual e podemos voltar no tempo e entender toda a evolução do universo até os primeiros milissegundos", explicou à AFP o coordenador do Centro Nacional de Física de Partículas espanhol (CPAN), Antonio Pich.
Higgs, Englert e o CERN sucedem neste prêmio, de grande prestígio na Espanha, o biólogo britânico Gregory Winters e o patologista americano Richard Lerner, ganhadores da edição de 2012, por seus trabalhos no campo da imunologia. Nascido em 1929 em Newcastle (Reino Unido), Higgs estudou física no King;s College de Londres, embora tenha desenvolvido quase toda a sua carreira na Universidade de Edimburgo, onde é catedrático emérito.
Nascido em 1932 na Bélgica, Englert formou-se em Ciências Físicas na Universidade Livre de Bruxelas, onde leciona desde 1961. O CERN, do qual participam 20 países europeus, foi fundado em 1954 e atualmente emprega 2.500 pessoas, embora participem em seus projetos cerca de 8.000 cientistas.
Em 2008 ativou o Grande Colisor de Hádrons (LHC), um túnel de 27 km de circunferência, instalado 100 metros abaixo da terra, onde os físicos provocam o choque de bilhões de prótons para recriar condições similares às existentes quando o Big Bang se originou. Desde 1981, a Fundação Príncipe de Astúrias premia a cada ano oito pessoas ou instituições nos campos das artes, da cooperação internacional, a concórdia, as ciências sociais, a comunicação e as humanidades, o esporte, a pesquisa científica e a técnica, e as letras.
Anteriormente já tinham sido concedidos três prêmios desta 33; edição: à fotógrafa americana Annie Leibovitz em Comunicação, à socióloga holandesa Saskia Sassen em Ciência Sociais e ao cineasta austríaco Michael Haneke nas Artes. Os prêmios, dotados de 50.000 euros (65.000 dólares) e uma escultura criada por Joan Miró, serão entregues no outono pelo príncipe Felipe durante cerimônia em Oviedo, cidade sede da fundação que leva seu nome.