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Guatemala extradita ex-presidente, Alfonso Portillo, aos Estados Unidos

Portillo enfrentará acusações de lavagem de dinheiro, o que o torna o primeiro ex-governante latino-americano a ser entregue à justiça americano

CIDADE DA GUATEMALA - O ex-presidente guatemalteco Alfonso Portillo (2000-2004) foi extraditado nesta sexta-feira para os Estados Unidos, onde enfrentará acusações de lavagem de dinheiro, o que o torna o primeiro ex-governante latino-americano a ser entregue à Justiça americana.

"Até logo, povo da Guatemala", disse Portillo pouco antes de entrar em um avião americano na sede da Força Aérea guatemalteca, no sul da Cidade da Guatemala, onde dezenas de seguidores manifestavam seu apoio ao ex-mandatário.

Portillo, de 61 anos, foi acompanhado por agentes americanos até a aeronave em meio a um forte esquema de segurança.

O governante classificou sua extradição de "sequestro", acusando o governo do presidente Otto Pérez de "violar a lei", pois ainda tinha recursos pendentes nos tribunais guatemaltecos.



O governo guatemalteco não se pronunciou até o momento sobre a extradição de Portillo.

"Estão cometendo uma grande ilegalidade, cometeram ilegalidades comigo desde o início. Violaram todos os meus direitos", disse Portillo, que levava dois livros nas mãos.

Portillo (2000-2004) foi acusado junto com seus ex-ministros Manuel Maza (Finanças) e Eduardo Arévalo (Defesa) de ter conspirado para desviar 15 milhões de dólares do Ministério da Defesa em 2001.

O ex-presidente havia apresentado vários recursos para evitar sua extradição aos Estados Unidos, aprovada em novembro de 2011 pelo ex-presidente Álvaro Colom (2008-2012).

Ele foi detido no dia 26 de janeiro de 2010 quando tentava fugir do país - rumo a Belize - a pedido de um tribunal de Nova York, que exige sua extradição pelo crime de conspiração para lavar 70 milhões de dólares em bancos americanos. Portillo foi acusado formalmente em 2009.

Os EUA parabenizaram o governo da Guatemala pela extradição de Portillo, informou nesta sexta um porta-voz do Departamento de Estado, William Ostick.

"Saudamos o compromisso das autoridades guatemaltecas com o fortalecimento do Estado de Direito e com o combate ao crime organizado e à corrupção", afirmou o porta-voz em um e-mail enviado à AFP.