Uma dor de cabeça chamada inflação
Segundo as pesquisas, o maior problema que a presidente enfrenta, próximo às legislativas de outubro, na metade de seu segundo mandato, é a elevada inflação, de 25% ao ano, segundo dados de empresas privadas, e de pouco mais de 10%, segundo um indicador oficial questionável.
A cinco meses de eleições cruciais, a presidente pediu, na quarta-feira, que seus partidários controlem os preços de cerca de 500 produtos de primeira necessidade nos supermercados, que não devem ser alterados, após o congelamento geral dos alimentos, que não reverteu a tendência alta do custo de vida, de 1,5% em abril, segundo estudos privados.
Em seu segundo mandato, desde o final de 2011, em um contexto de forte necessidade de divisas para financiar o Estado, a presidente pôs em prática duras restrições à compra de dólares, que tradicionalmente os argentinos de classe média utilizam como poupança para se defender da inflação, numa medida que gerou protestos.
No mercado paralelo, a cotação oficial do dólar chegou a duplicar há duas semanas, a 10,45 pesos por dólar.
O governo também impôs rígidas barreiras às importações, já que o país depende de sua balança comercial para cumprir seus compromissos externos e pagar a alta conta da compra de energia, de cerca de 12 bilhões de dólares anuais.
"A situação energética foi se deteriorando exponencialmente e os subsídios a setores da economia fizeram o superávit fiscal despencar", disse o economista Ramiro Castiñeira, da consultoria Econométrica, à AFP.
O peso da soja
O críticos do governo consideram que o preço da soja, que representa cerca de 25% das exportações da Argentina, foi o principal sustentáculo do modelo econômico.
"É impossível pensar em repetir os bons resultados da primeira etapa se apenas forem feitas mudanças marginais de política econômica ou apostas na sorte, como o alto preço da soja", disse a Abeceb.com.
Por outro lado, Ernesto Villanueva, reitor da Universidade Arturo Jauretche, disse à AFP que, nestes dez anos, o PIB foi multiplicado em comparação a 2003, "a distribuição de renda melhorou, o desemprego caiu de forma impressionante (de quase 20% a 7,9%) e o peso da dívida sobre o PIB caiu de 160 a 40%".
Em 2003, segundo dados oficiais, a Argentina tinha um PIB de 268,5 bilhões de dólares; atualmente, é de 500 bilhões de dólares anuais.
"A recuperação do emprego, o desendividamento e o crescimento do PIB (...) são os maiores méritos econômicos desta década", concordou Ramiro Castiñeira.