Viena - O Irã acelerou a instalação de centrífugas mais modernas em suas unidades de enriquecimento de urânio, uma atividade que gera constantes desgastes com as grandes potências, informou nesta quarta-feira (22/5) a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Segundo o documento, o Irã instalou cerca de 700 centrífugas IR-2m e materiais para armazenamento de centrífugas vazios na usina de Natanz. Em fevereiro, havia apenas 180.
"Até 15 de maio, quatro cascatas (centrífugas em série) foram totalmente equipadas, e uma cascata, parcialmente, com centrífugas IR-2m. Obras já foram concluídas para outras 13 cascatas (...)", detalha o relatório consultado pela AFP. Essas novas centrífugas, que servem para o enriquecimento de urânio, ainda não entraram em produção.
A Agência Internacional de Energia Atômica também ressaltou em seu relatório trimestral que o Irã obteve progressos em um reator em construção em Arak, também no centro do Irã, que os países ocidentais temem que possa abastecer o Irã com plutônio, se o combustível for reprocessado.
Os Estados Unidos lamentaram as conclusões do relatório da AIEA. "Esse informe marca uma etapa infeliz no que diz respeito às atividades ilícitas do Irã", disse o porta-voz do Departamento de Estado Patrick Ventrell. "Nos últimos dez anos, o Irã ignorou inúmeras resoluções (da AIEA), enquanto continuou promovendo seu programa de enriquecimento, em clara violação das suas obrigações internacionais", afirmou Ventrell.
Leia mais notícias em Mundo
"Como a comunidade internacional apontou em resoluções e declarações sobre o Irã, continuaremos insistindo que o Irã cumpra suas obrigações internacionais", completou Ventrell. Segundo o porta-voz, os Estados Unidos aguardam uma reunião da AIEA, que será realizada em junho. "Vamos discutir o relatório e veremos qual é a melhor maneira de responder junto aos outros membros" dessa agência da ONU.
As potências ocidentais e Israel suspeitam que o Irã planeje desenvolver armas atômicas sob o pretexto de um programa nuclear civil, algo que Teerã nega. Com equipamentos mais modernos, eles temem que o Irã consiga produzir urânio com mais facilidade a um nível de pureza necessário para armas atômicas (90%).
A República Islâmica enriquece urânio de 5% a 20% para suas usinas de produção de energia elétrica e com fins médicos. No relatório, a agência da ONU ressalta que o número de centrífugas em atividade no campo subterrâneo de Fordo, perto da cidade sagrada de Qom, permanece o mesmo em comparação a fevereiro.
Fordo, enterrado sob uma montanha, preocupa a comunidade internacional porque o Irã decidiu concentrar neste local seu enriquecimento a 20%. Tecnicamente, isso aproxima o governo iraniano do necessário para a fabricação de armas nucleares.