Geneva - O mundo precisa acordar para os riscos de uma alta acentuada de desastres naturais vinculados às mudanças climáticas e se esforçar para encontrar formas de reduzir seus custos humanos e econômicos, advertiu a ONU esta terça-feira (21/5).
"Nós vivemos em uma época de enormes desastres naturais, que pioram devido às mudanças climáticas", afirmou o vice-secretário-geral das Nações Unidas, Jan Eliasson, em declarações à imprensa no início de uma conferência de três dias sobre a redução dos riscos em Genebra. "Os desastres naturais não só estão se tornando mais frequentes, como estão ficando mais violentos", alertou.
Um relatório publicado na semana passada pela Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNISDR, na sigla em inglês) informou que as perdas podem ter alcançado US$ 2,5 trilhões até agora neste século. A UNISDR informou que o número representou uma alta de 50% em comparação com a estimativas anteriores.
"Então, precisamos pensar nisto do ponto de vista da proteção das pessoas e do preço que as pessoas pagam. Mas também precisamos pensar nas perdas econômicas, que são enormes", disse Eliasson. "Não é apenas uma questão de melhorar a vida das pessoas, mas de criar economias sustentáveis", acrescentou.
A UNISDR reuniu esta semana, em Genebra, mais de quatro mil pessoas entre representantes de governos, agências de ajuda e o setor privado para compartilhar informações sobre como reduzir o impacto de desastres.
"Muitas vezes parece que é preciso ocorrer um desastre para que se adotem medidas preventivas", disse Eliasson, destacando os benefícios de investir na redução dos riscos de desastres.
Ele ressaltou a experiência pessoal de lidar com as consequências de um ciclone, que varreu Bangladesh em 1991 matando mais de cem mil pessoas.
Desde então, o país se tornou um modelo para o setor de gestão de riscos devido aos seus sistemas de alerta precoce e abrigos. Na semana passada o ciclone Mahasen matou 48 pessoas, apesar de ter destruído dezenas de milhares de casas.
"Ao investir na redução dos riscos de catástrofes, estamos estabelecendo as bases para um desenvolvimento melhor", observou, destacando que isto ajudou os pobres, que arcam com o maior peso das catástrofes em qualquer país, seja desenvolvido ou em desenvolvimento.
Especialistas têm alertado repetidamente que eventos extremos, como o furacão Sandy, que atingiu o Caribe e os Estados Unidos, podem se tornar mais frequentes devido às mudanças climáticas, enquanto as temperaturas globais em elevação distorcem os padrões climáticos e os governos brigam sobre o controle das emissões de gases de efeito estufa, que são responsabilizados pelo fenômeno.
"Mudanças que estão ocorrendo e com as quais nos preocupamos incluem os impactos relacionados com o aumento das ondas de calor, tanto em intensidade quanto em frequência, a intensificação dos eventos de chuvas extremas e também o aumento excessivo do nível do mar", afirmou Rajendra Pachauri, diretor do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
"Essencialmente, temos que tomar medidas de adaptação. Porque sempre que agimos, as medidas reduzem as perdas", afirmou Pachauri aos jornalistas.
"Mas nenhuma adaptação, nem mitigação será adequada para minimizar os riscos das mudanças climáticas. Não percamos de vista o fato de que para enfrentar este desafio, também precisamos mitigar as emissões de gases de efeito estufa", afirmou.