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Onda de violência faz Maliki rever plano de segurança no Iraque

"Estamos perto de substituir centenas de pessoas encarregadas da segurança, de nível alto e intermediário, e de mudar a estratégia de segurança", disse Maliki em uma coletiva de imprensa organizada em um antigo palácio de Saddam Hussein

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, anunciou nesta segunda-feira (20/5) uma mudança iminente em sua política de segurança, no momento em que o país sofre uma nova onda de ataques que deixou 89 mortos desde a noite de domingo. "Estamos perto de substituir centenas de pessoas encarregadas da segurança, de nível alto e intermediário, e de mudar a estratégia de segurança", disse Maliki em uma coletiva de imprensa organizada em um antigo palácio de Saddam Hussein.

[SAIBAMAIS]Maliki anunciou que decisões nesse sentido serão tomadas na terça, durante o conselho de ministros. O primeiro-ministro xiita, muito criticado pela minoria sunita, que se sente estigmatizada, e por alguns sócios de sua coalizão, quis passar a imagem de um governo unido.

Flanqueado por pesos-pesados de seu governo, incluindo os ministros da Defesa e da Justiça e por seus dois vice-primeiros-ministros, Maliki assegurou ao povo iraquiano que (os insurgentes) não voltarão a mergulhar o país em um conflito religioso, como aconteceu em 2006 e 2007.

Na época, o número mensal de vítimas da violência passava de mil. O envio de tropas americanas adicionais, ao lado de combatentes sunitas anti-Al-Qaeda das milícias Sahwa (Despertar, em árabe), permitiram reduzir claramente esses ataques a partir de 2007.

Onda de violência

Nas últimas semanas, porém, o país tem sido abalado por uma nova onda de violência acompanhada de uma profunda crise política. Desde o início do ano, os episódios de violência deixaram mais de 200 mortos por mês, com um novo pico de mais de 460 em abril, segundo um balanço da AFP.

Desde a noite de domingo, pelo menos 89 pessoas morreram em diversos ataques. A maioria deles foi dirigida à comunidade xiita e às forças de segurança.

Nesta segunda-feira, vários atentados, a maioria deles praticado com carros-bomba, atingiram bairros majoritariamente xiitas de Bagdá. O ataque mais violento na capital deixou 12 mortos em um mercado. Outras 11 pessoas morreram em outros atentados na cidade.

À noite, em Hilla, 100 km ao sul de Bagdá, 13 pessoas morreram, e outras 71 ficaram feridas em dois atentados contra duas mesquitas da comunidade xiita, no momento da oração noturna. Em Basra, grande cidade portuária de maioria xiita do sul do país, dois atentados com carros-bomba deixaram 13 mortos e 48 feridos, segundo o chefe dos serviços médicos municipais, Riyad Abdelamir.

Perto de Samarra, 100 km ao norte da capital, um atentado com carro-bomba contra peregrinos xiitas iranianos deixou oito mortos. E, na mesma zona, seis milicianos das Sahwa morreram em dois incidentes.

Também houve atentados em Mossul (norte) e em Rutba (oeste), com saldo de dois mortos. E, em Al-Anbar, no oeste do país, foram registrados confrontos entre a polícia e homens armados na noite de domingo.

Nesta segunda, os Estados Unidos condenaram "com firmeza os atentados cometidos nestes últimos dias no Iraque", manifestando preocupação "com a frequência e a natureza dos recentes ataques".

Em sua coletiva de imprensa diária, o porta-voz da Casa Blanca, Jay Carney, condenou "os atentados a bomba de hoje (segunda), os ataques contra as forças de segurança iraquianas na província de Al-Anbar durante o fim de semana e uma série de ataques contra bairros e mesquitas sunitas e xiitas".

Um comando das forças especiais tentou libertar policiais que haviam sido sequestrados no sábado, disse o tenente-coronel da polícia Majid al-Jlaybayu, acrescentando que, durante a operação, 12 reféns morreram, e quatro ficaram feridos.

Em outros dois incidentes registrados na noite de domingo, homens armados atacaram duas delegacias de polícia em Haditha, 210 km a noroeste de Bagdá. Doze policiais morreram nesses ataques, segundo um oficial da polícia e uma fonte médica.



A província de Al-Anbar também é um dos centros de protestos contra o governo que os sunitas iniciaram em dezembro, acusando Maliki de acumular o poder e as autoridades de utilizar a legislação antiterrorista contra eles.

O governo fez algumas concessões, libertando prisioneiros e aumentando os salários das milícias Sahwa. No entanto, o problema central não foi resolvido, e as manifestações continuam.