La Paz - A greve do maior sindicato da Bolívia, o esquerdista COB, completa 13 dias neste sábado, sem que o governo aceite sua principal reivindicação de aumentar as aposentadorias, e pediu ao Poder Executivo para retomar o diálogo, diante do risco de uma violência maior na próxima semana.
"A Central Operária Boliviana (COB) convoca e determina ao governo nacional a se sentar para o diálogo neste sábado ou mais tardar no domingo", afirmou, em entrevista coletiva, o líder do sindicato, Juan Carlos Trujillo, após uma reunião das cúpulas de vários grêmios para avaliar os 13 dias de conflito.
As reivindicações, articuladas principalmente por mineiros e professores da rede pública, funcionários universitários e operários das fábricas, é obter uma aposentadoria com 100% dos salários, uma proposta rechaçada de início pelo governo do presidente Evo Morales, que aceitou apenas até 70%.
A COB determinou na sexta-feira "radicalizar" seus protestos, que até agora se materializaram em interrupções rodoviárias em quatro dos nove departamentos (estados) do país e marchas nas ruas de várias cidades.
[SAIBAMAIS]
As manifestações mais intensas ocorreram durante quase duas semanas em La Paz, capital que abriga a sede do governo, onde os trabalhadores tentaram furar à força o forte esquema de controle policial na Praça de Armas, sede dos poderes Executivo e Legislativo.
Diante da advertência de novos protestos, organizações de camponeses e indígenas convocados por Morales anunciaram que também se mobilizarão na próxima semana em todo o país para contrabalançar as reivindicações da COB, o que fez soar o alarme de possíveis enfrentamentos.
O líder sindical assegurou que "o governo convocou seus movimentos sociais para um confronto", razão pela qual pediu aos ministros do presidente Morales que retomem o diálogo este fim de semana.
O ministro do Trabalho, Daniel Santalla, afirmou em outra entrevista coletiva improvisada, que "o diálogo sempre está aberto, estamos abertos ao diálogo", embora tenha destacado que um encontro com os líderes trabalhistas não tema nem data, nem hora previstas.
Comissões do governo e da COB dialogaram até a semana passada, sem chegar a um acordo, o que levou as reivindicações a um recrudescimento sem controle.
O presidente Morales também disse neste sábado, em um ato público, que seu governo está desmontando "um golpe de Estado", iniciado com as reivindicações da COB (esquerda), que vem sendo aproveitadas por setores políticos da direita, embora não tenha dado os nomes dos líderes da suposta rebelião.