Haia - Cerca de dois terços de lésbicas, homossexuais, bissexuais e transexuais que vivem na União Europeia não ousam andar de mãos dadas com o parceiro em público, indica nesta sexta-feira (16/5), em ocasião da jornada mundial contra a homofobia, a Agência dos Direitos Fundamentais da UE (FRA).
"O medo, o isolamento e a discriminação são fenômenos correntes" na comunidade LGTB na Europa, indica em um relatório o diretor da FRA, Morten Kjaerum, ressaltando que chegou o momento de promover e de proteger seus direitos fundamentais.
Segundo os resultados de uma pesquisa online realizada pela FRA em todos os Estados membros da União e na Croácia, que deve entrar na UE em julho, duas pessoas em três responderam que têm medo de se expor em público. Entre os gays, aqueles que têm medo de manifestar de forma mais clara seu carinho em público chegam quase a 3/4. Cerca de 30% dos 93.000 participantes deste estudo foram vítimas de violência ou de agressões nos últimos cinco anos. Deles, 30% dos 7.000 transexuais disseram ter sido agredidos fisicamente ou ameaçados mais de três vezes nos últimos 12 meses.
Mesmo em países geralmente tolerantes com esta comunidade, alguns se sentem vítimas de discriminações e são regularmente agredidos verbalmente. "Trata-se sobretudo de agressões verbais, por parte de jovens", explica um homossexual que vive na Bélgica citado no relatório. Na Holanda, primeiro país do mundo a legalizar o casamento entre homossexuais, em 2001, cerca de 20% dos participantes da consulta afirmaram terem sido alvo de discriminação no acesso a serviços como assistência médica, busca por um apartamento, em clubes esportivos e bancos.
As vítimas de agressões nos países da UE raramente recorrem à polícia. "Eu tento não demonstrar qualquer coisa que indique que sou gay, porque sei que a polícia vai rejeitar", explica um francês de 42 anos. Com frequência, a discriminação começa na escola, ressalta a FRA. Duas pessoas em cada três esconderam sua orientação sexual no colégio e foram alvos comentários ou de comportamentos negativos.
Na escola, "os insultos constantes eram insuportáveis e poucas medidas foram tomadas pelos professores contra os agressores", contou um gay de 25 anos que vive em Malta, também citado no relatório. "Os Estados membros devem velar para que os alunos LGBT se sintam seguros na escola, porque é lá que começam frequentemente as experiências negativas" dos membros desta comunidade, "os preconceitos sociais e a exclusão", ressalta a FRA.