Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e o Irã se reúnem nesta quarta-feira (13/5) em Viena, na décima rodada de negociações desde o fim de 2011, para tentar fechar novamente um acordo sobre o polêmico programa nuclear da República Islâmica.
A agência nuclear da ONU espera poder concluir um acordo para tentar resolver "todas as questões em suspenso" relacionadas a uma possível dimensão militar do programa nuclear iraniano.
Trata-se de examinar as questões levantadas em um rígido relatório de novembro de 2011, no qual a agência compilou vários elementos críveis que pareciam indicar que o Irã teria trabalhado no desenvolvimento de uma arma atômica antes de 2003, e possivelmente também depois. A AIEA pede para ter acesso às instalações, aos documentos e aos cientistas que possam ajudar a determinar a natureza do programa nuclear iraniano, do qual se suspeita que tenha objetivos militares.
Já Teerã critica a agência da ONU por ter abandonado seu papel de organização técnica independente para se transformar em um instrumento "politizado" das potências ocidentais e denuncia suas conclusões "errôneas", baseadas - segundo o Irã - em falsas informações da CIA ou do Mossad israelense.
As nove reuniões anteriores, realizadas desde novembro de 2011 - a última em fevereiro em Teerã - não permitiram avanços significativos entre as duas partes.
A AIEA quer ter acesso às instalações militares de Parchin, no sudoeste de Teerã, onde suspeita-se que o Irã esteja realizando testes de explosão convencional aplicáveis ao armamento nuclear. Em março, o diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, pediu ao Irã acesso às instalações de Parchin, mas Teerã rejeitou o pedido.
Paralelamente, prosseguem as negociações diplomáticas entre o grupo 5%2b1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha) e o Irã sobre as atividades nucleares iranianas em andamento, em especial o enriquecimento de urânio. O Grupo 5%2b1 teme que no médio prazo, graças as suas reservas de urânio e à tecnologia acumulada, o Irã possa fabricar urânio enriquecido a 90%, o que permitiria a esse país fabricar uma bomba atômica.
O Irã alega que enriquece urânio apenas para uso civil (5% para a produção de energia elétrica e 20% para seus laboratórios de pesquisa médica). O Conselho de Segurança da ONU condenou seis vezes o programa nuclear iraniano e quatro destas condenações incluíam sanções. Além disso, desde 2010 as potências ocidentais aplicam um embargo econômico e petroleiro ao Irã, que mergulha o país em uma grave crise econômica.
A reunião de quarta-feira em Viena será realizada poucos dias antes de a AIEA apresentar um novo relatório sobre o programa iraniano de enriquecimento de urânio. "A AIEA insiste em buscar maneiras de resolver os temas pendentes, mas o Irã segue obstinado em vincular suas obrigações com a agência à atenuação das sanções diplomáticas", disse à AFP Mark Fitzpatrick, analista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Londres.