Há quase um ano no poder, o presidente do Egito, Mohamed Morsy, iniciou ontem uma visita de dois dias ao Brasil ; a primeira de um chefe de Estado egípcio à América Latina. Eleito como fruto da Primavera Árabe, que tirou de cena regimes autoritários no norte da África, Morsy apontou o processo de democratização brasileiro, iniciado nos anos 1980, como um modelo para seu país. ;Tenho convicção que no Egito, assim como no Brasil, os ventos da redemocratização vão ser precursores de um projeto econômico renovado;, retribuiu a presidente Dilma Rousseff que assinou com o colega uma série de acordos de cooperação (leia o quadro). Os dois governantes mostraram sintonia em assuntos internacionais, em especial a crise na Síria e a aspiração dos palestinos por um Estado soberano, e defenderam mais diálogo e negociações para buscar a paz no Oriente Médio.
Aproximação
[SAIBAMAIS]A decisão de fazer a visita inédita ao Brasil é parte da estratégia do presidente para enfrentar os acentuados problemas econômicos do Egito, como escassez de alimentos, carestia e baixo crescimento. A mídia egípcia chegou a abordar a possibilidade de um dia o país ser aceito no Brics ; Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países que se destacam entre as nações em desenvolvimento. Em pronunciamento à imprensa, o presidente deixou clara a intenção de conquistar novos apoios na América do Sul, o que foi comemorado por Dilma. ;O presidente Morsy e eu concordamos que a cooperação sul-sul é estratégica para que se estabeleça, de fato, a multipolaridade no mundo;, afirmou. Morsy havia anunciado a intenção de vir ao Brasil por duas vezes e chegou a cancelar uma visita marcada para setembro último, devido à turbulência política no Egito.