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Manifestações em Bangladesh por lei sobre blasfêmia deixam 32 mortos

Além das mortes registradas, centenas de pessoas ficaram feridas. A polícia informou que a situação estava controlada no centro de Dacca, mas que em outros pontos da cidade foram registrados novos distúrbios

Dacca - Pelo menos 32 pessoas morreram e centenas ficaram feridas no domingo (5/5) em Bangladesh em choques entre a polícia e dezenas de milhares de manifestantes islâmicos radicais que exigiam uma lei sobre a blasfêmia no centro de Dacca, informou a Polícia.



Aos gritos de "Alá Akbar" (Deus é grande) e "os ateus devem ser enforcados", militantes do grupo radical Hefajat-e-Islam caminharam por seis grandes ruas da capital de Bangladesh. No domingo, a violência explodiu nos arredores da maior mesquita do país, no centro da capital, quando milhares de manifestantes jogaram pedras na polícia.

Imagens transmitidas pela televisão mostraram policiais a bordo de veículos blindados atirando em manifestantes que incendiavam carros e lojas. Autoridades da polícia indicaram à AFP que cerca de 200 mil pessoas participaram dos protestos no centro da capital bengalesa.

[SAIBAMAIS]Um policial ficou gravemente ferido depois de ter sido agredido a pauladas pelos manifestantes. Uma autoridade da Polícia que não quis ter sua identidade revelada disse à AFP que entre "150 mil e 200 mil manifestantes" participaram de uma manifestação em Motijheel, distrito comercial de Dacca.

Os militantes do grupo radical Hefajat-e-Islam, recentemente criado, exigem a pena de morte para todos aqueles que caluniam o Islã. O primeiro-ministro Sheikh Hasina, que está à frente de um governo laico desde 2009 neste país de maioria muçulmana, rejeitou as reivindicações dos islamitas, argumentando que a legislação atual já permite condenar qualquer pessoa que insulte o Islã.

No mês passado, os ativistas do Hefajat organizaram uma greve geral e uma concentração que contou com centenas de milhares de pessoas, considerada a maior em décadas.