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Unidades têxteis reabrem oito dias após desabamento de Bangladesh

Milhares de trabalhadores retomaram o trabalho nas zonas industriais situadas ao redor da capital. A maior tragédia da história industrial do país matou pelo menos 429 pessoas em 24 abril



Desde o desabamento do edifício, no dia 24 de abril, vários centros de produção foram vandalizados em sinal de raiva e o desfile de 1; de maio na quarta-feira (1;/5) para o dia do trabalhador foi seguido por dezenas de milhares de trabalhadores em Daca. A polícia confirmou que não foi registrado até o momento nenhum incidente de violência.

"Até agora a situação está tranquila", declarou à AFP Shymal Mukherjee, vice-chefe da polícia do distrito de Daca. A primeira-ministra, Sheikh Hasina, convocou na terça-feira os funcionários a retomarem seu trabalho e criticou os ataques contra vários ateliês.

Três milhões de empregados trabalham em 4.500 fábricas da indústria têxtil de Bangladesh, pilar da economia do país. O fechamento provocou uma perda estimada em 25 milhões de dólares, segundo Azim. Bangladesh é o segundo exportador de têxteis do mundo, atrás da China. Esta indústria representa 80% de suas exportações e mais de 40% da mão de obra industrial.

As autoridades anunciaram nesta quinta-feira (2)que suspenderam de suas funções o prefeito de Savar por ter autorizado a construção do Rana Plaza e por não terem decidido pelo fechamento dos ateliês de confecção quando foram encontradas fissuras. O prefeito, Mohamad Rafayet Ullah, é até agora o funcionário de mais alto escalão a ser punido por este acidente.

O secretário do governo local, Abu Alam Shahid Khan, indicou à AFP que seria iniciada uma ação legal contra o prefeito da cidade, onde funcionam dezenas de centros de produção têxtil. Especialistas que inspecionaram o local indicaram que os construtores utilizaram materiais de má qualidade para construir o Rana Plaza e que o edifício foi construído em um pântano, violando a legislação em vigor.

O governo também suspendeu dois engenheiros que autorizaram que os ateliês funcionassem no dia do incidente. São acusados por homicídio culposo, assim como o proprietário do edifício e quatro responsáveis pelos ateliês. Segundo um porta-voz do exército, Mahmud, o balanço nesta quinta-feira (2) era de 429 mortos. O porta-voz acrescentou que 2.437 pessoas foram resgatadas. Mas o balanço pode ser superior a 500 mortos, já que as autoridades anunciaram na quarta-feira (1;) que 140 pessoas continuam desaparecidas.