Jornal Correio Braziliense

Mundo

Israel celebra nova posição dos países árabes sobre fronteiras

A iniciativa estipula ainda a criação de um Estado palestino com Jerusalém Leste como capital e uma solução "justa" da questão dos refugiados, baseada na resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas

Jerusalém - Israel expressou satisfação nesta terça-feira (30/4) com a nova posição dos países árabes sobre as fronteiras do futuro Estado palestino que contempla o intercâmbio de territórios.

"É certamente uma etapa importante e me alegro disto", declarou a ministra israelense da Justiça Tzipi Livni, responsável pelas negociações com os palestinos, depois que a Liga Árabe aceitou o princípio de uma troca de territórios entre as duas partes. "A iniciativa da Liga Árabe reforça realmente a chance de chegar a um acordo de paz", completou Livni.

O secretário de Estado americano, John Kerry, e os ministros das Relações Exteriores de vários países árabes tentaram na segunda-feira em Washington reativar o processo de paz israelense-palestino com a iniciativa de paz apresentada pela Arábia Saudita em 2002. A iniciativa de paz saudita, aprovada pela Liga Árabe, prevê uma normalização das relações entre os países árabes e Israel, em troca da retirada dos territórios árabes ocupados pelos israelenses desde 1967.

A iniciativa estipula ainda a criação de um Estado palestino com Jerusalém Leste como capital e uma solução "justa" da questão dos refugiados, baseada na resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas. Na época, Israel viu "aspectos positivos" na iniciativa de paz, mas nunca a aceitou formalmente devido principalmente à menção do direito de retorno dos refugiados palestinos.

A proposta dos Estados árabes oferecia o restabelecimento de relações diplomáticas com Israel em troca de "uma retirada total" dos territórios ocupados desde junho de 1967 e a criação de um Estado palestino.



Na segunda-feira (29/4), o primeiro-ministro do Qatar, Hamad bin Jassim, disse que a criação do Estado palestino deveria ser baseada nas fronteiras anteriores a junho de 1967, mas que não se deveria descartar a possibilidade de uma troca de territórios de menor importância que refletisse a evolução na região.

A posição se afasta um pouco do texto original da iniciativa de paz e se aproxima da postura americana. Em maio de 2011, o presidente americano Barack Obama disse que qualquer acordo deveria estar "baseado nas linhas de 1967 com trocas de territórios de mútuo acordo".

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu rejeitou o plano de qualquer retorno às fronteiras de 1967, mas Livni recebeu com satisfação a flexibilização da posição árabe. "As coisas que foram ditas ontem à noite são muito positivas", disse Livni.

Israel deve atuar com cautela, mas ao mesmo tempo deve buscar algo que permita superar a paralisia das negociações, suspensas desde setembro de 2010 em consequência do plano de colonização israelense, destacou a ministra.