"Eu o espero em Jerusalém. Não apenas eu, mas todo o povo de Israel", reiterou Peres após a reunião a portas fechadas de meia hora com o Papa, segundo jornalistas presentes. De acordo com a Presidência israelense, Peres convidou o Papa a realizar "uma visita de Estado", considerando que "todos os cidadãos, independentemente de religião, raça o nacionalidade, o receberão calorosamente". "Quanto antes melhor", acrescentou.
O Papa respondeu que "deseja visitar Israel e tentará encontrar um momento oportuno para uma visita num futuro próximo", indicou a Presidência. Sobre o encontro, o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, declarou que "o Papa recebeu com alegria e disponibilidade o convite do presidente (Peres). Ele espera fazer uma peregrinação à Terra Santa, mas nenhum projeto foi concretizado".
Uma visita conjunta aos locais santos do cristianismo em 2014 do Papa e do Patriarca Ortodoxo Bartolomeu é abordada desde a eleição em 13 de fevereiro, mas nunca confirmada. Seria simbólico para celebrar o 40; aniversário da histórica visita do Papa Paulo VI e do Patriarca Atenágoras em 1974.
De acordo com o porta-voz da presidência, o antissemitismo foi abordado pelo Papa Francisco durante a reunião. "O antissemitismo é contra o cristianismo. Como Papa, eu não vou tolerar qualquer expressão de antissemitismo", assegurou. Ele também condenou a violência em nome da religião. "O Papa sugeriu uma reunião global de esperança com líderes religiosos, que se pronunciaria contra a violência e o terror", relatou o porta-voz israelense.
A visita do presidente Peres a Roma, a primeira de um líder do Oriente Médio ao novo Papa, foi seguida de perto, devido ao contexto de tensão, com as negociações entre israelenses e palestinos paralisadas, a guerra na Síria e a ascensão do islamismo em vários países. O conflito entre palestinos e israelenses tem afetado diretamente a Igreja, já que os lugares mais sagrados do cristianismo estão localizados em regiões de Israel e Palestina onde uma minoria cristã vive há dois mil anos.
A eleição de Francisco despertou uma enorme esperança entre os cristãos no Oriente Médio. Os patriarcas da região pediram que o Papa apresente iniciativas de paz, embora a margem de manobra do Vaticano seja muito limitada. A comunidade cristã palestina de Beit Jala, perto de Belém (Cisjordânia), enviou uma carta aberta ao Papa na segunda-feira para denunciar a decisão israelense de construir um muro de separação que favorece as colônias israelenses.
"Sua santidade, sua escolha trouxe-nos a esperança de que as coisas podem mudar. Nós ainda temos esperança", afirmou a carta, que pediu ao Papa para "enviar uma forte mensagem" para o povo palestino. Os palestinos em Beit Jala acusam o presidente Peres de ser "um dos principais autores da política de assentamentos israelenses na Palestina ocupada".