Jornal Correio Braziliense

Mundo

Americano detido na Venezuela é documentarista, diz defesa

Os Estados Unidos informaram que estão buscando acesso consular ao jovem, mas esclareceram que este é um caso privado e rejeitaram qualquer ligação com planos de desestabilização

Caracas - O e acusado de promover a violência após as eleições presidenciais de 14 de abril realizava um documentário no país e organismos do Estado conheciam sua atividade, disse neste domingo sua advogada, Gloria Stifano.

"Os documentários que ele faz não têm nada a ver com a segurança de Estado (...) são documentários de histórias individuais e pessoais com o propósito de entender cientificamente a psicologia existente por trás das divergências que produzem a divisão dos cidadãos", disse Stifano ao canal privado Globovisión, em referência à polarização vivida pelos venezuelanos.

[SAIBAMAIS]A advogada indicou que Timothy Hallet Tracy, preso na quarta-feira no aeroporto internacional de Caracas, permanecerá detido no Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) da capital enquanto for investigado.

Os Estados Unidos informaram que estão buscando acesso consular ao jovem, mas esclareceram que este é um caso privado e rejeitaram qualquer ligação com planos de desestabilização.

Em um comunicado, o ministério público indicou na noite de sábado que um tribunal de Caracas acusou Hallet, nascido em 1978 no estado de Michigan (norte), de cometer supostamente "os crimes de conspiração, favorecimento material, associação para delinquir e uso de documento público falso".

Após as eleições nas quais o presidente Nicolás Maduro venceu por estreita margem o líder opositor Henrique Capriles, ocorreram protestos da oposição em diferentes zonas do país que deixaram nove mortos e dezenas de feridos, segundo números do Ministério Público.

Na quinta-feira, o governo anunciou a captura de Hallet, acusando-o de ser um suposto agente de inteligência que financiava protestos de um grupo de estudantes venezuelanos para ignorar os resultados das eleições. O governo acrescentou ainda que uma casa do jovem em Caracas foi inspecionada, e que no local foram apreendidos vídeos que supostamente provavam a conspiração.

Stifano disse que o jovem, formado pela Universidade de Georgetown (Washington) "em inglês, história e teatro", estava legalmente no país e que inclusive o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o credenciou como observador internacional nas eleições.

"Ele estava com muita gente de diferentes correntes políticas e gente de arte, ele não é um garoto que estava escondido", defendeu a advogada, acrescentando que não se explica o vínculo de Hallet com "estudantes e com pessoas para desestabilizar".