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Enrico Letta forma o novo governo italiano após 2 meses de crise

Um dos sinais forte deste "amplo acordo", dificilmente aceito por alguns membros do PD (esquerda) de Letta, é a designação de Alfano como vice-primeiro-ministro e ministro do Interior

Roma - O primeiro-ministro italiano designado, o moderado de esquerda Enrico Letta, anunciou neste sábado a formação do novo governo para tirar o país da crise política em que se encontra há dois meses.

Como vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, Letta designou o chefe do Partido Povo da Liberdade (direita), de Silvio Berlusconi, Angelino Alfano.



Letta igualmente anunciou a nomeação do diretor do Banco da Itália, Fabrizio Saccomanni, como ministro da Economia, e da ex-comissária europeia Emma Bonino como ministra das Relações Exteriores.

A predecessora de Alfano, Anna Maria Cancellieri, vai conduzir o ministério da Justiça. Ao apresentar seu governo, Letta elogiou "o recorde de presença feminina e o rejuvenescimento da equipe". De fato, várias figuras desconhecidas do pública fazem parte do novo governo.

"Este era o único governo possível e sua formação não podia esperar", comentou o presidente da República, Giorgio Napolitano.

Letta, 46 anos, também aceitou oficialmente o papel de primeiro-ministro, como a Constituição requer, depois de forjar uma difícil coalizão entre seu Partido Democrático (PD) e o partido de Berlusconi.

Um dos sinais forte deste "amplo acordo", dificilmente aceito por alguns membros do PD (esquerda) de Letta, é a designação de Alfano como vice-primeiro-ministro e ministro do Interior.

Mas Napolitano, 87 anos, que aceitou um segundo mandato inédito como chefe de Estado, cumprimentou Letta e parabenizou o fato de que esta grande coalizão de direita e esquerda permitirá que o novo governo obtenha a confiança das duas Câmaras, como prevê a Constituição.

Letta afirmou anteriormente que queria resolver o impasse o mais rápido possível para evitar um conflito social em um país cansado de velhos confrontos políticos.

A missão de Letta não era fácil: conseguir que duas forças que multiplicaram os ataques mútuos nos últimos anos trabalhem juntas. Durante as últimas semanas, a esquerda se mostrou em várias ocasiões reticente em formar uma coalizão com seu inimigo histórico, o magnata Berlusconi.

A esquerda tem a maioria absoluta da Câmara de Deputados, enquanto que o Senado, câmara sem a qual é impossível governar, está dividida em três blocos: PD, PDL e o Movimento 5 Estrelas (M5S) do ex-comediante Beppe Grillo.

As negociações foram realizadas em todas as direções. Neste sábado, Letta se reuniu com o ex-secretário-geral do Partido Democrata, Pier Luigi Bersani, e depois durante mais de duas horas com uma ampla delegação do PD, composta por Berlusconi, Alfano e Gianni Letta, conselheiro especial do Cavaliere e que também é tio de Enrico Letta.

"O PD não suporta a ideia de fazer parte de um governo de amplo acordo com Berlusconi", opinou Marcello Sorgi no jornal La Stampa.

Por sua parte, Berlusconi volta a se posicionar como figura imprescindível depois de ter sido desacreditado por escândalos sexuais e processos judiciais.

Depois do anúncio da formação do novo governo, Berlusconi disse ter "atuado a favor da constituição do governo sem impor condições e sem excluir pessoas que foram ministros em governos anteriores". "Assim, contribuímos para formar um governo em pouco tempo", enfatizou.

Já Beppe Grillo, chefe do movimento que ganhou 25% dos votos na eleição de fevereiro e virou a terceira força política do país, acusou a direita e a esquerda de ignorarem as pessoas que votaram pela mudança.

"Cerca de oito milhões de italianos que votaram no Movimento 5 Estrelas são considerados invasivos (...) foram desprezados", escreveu em seu blog. O novo governo, que prestará juramento neste domingo, agora deverá deve revelar seu programa numa sessão do parlamento na segunda-feira.