"Eles exigem a detenção e execução dos proprietários das confecções e do edifício que desabou em Savar", disse. "Nossas equipes de socorro resgataram 45 pessoas hoje, incluindo 41 que estavam em um mesmo lugar, vivos", declarou à AFP o chefe nacional dos bombeiros, Ahmed Ali.
Segundo o chefe dos bombeiros, "entre 20 a 25 pessoas foram localizadas em um outro local, de acesso muito difícil, e permanecem vivas". Um porta-voz do exército informou que o balanço de mortos continua a aumentar e agora é de 304 mortos, entre eles um grande número de mulheres. "O odor é fétido, às vezes sentimos vontade de vomitar. É difícil tralhar mais de 20 minutos seguidos", contou Mohammad Taraq, trabalhador que se somou as centenas de voluntários que trabalham dia e noite no resgate.
Um acúmulo de cimento e aço
Os chamados de socorro das vítimas soterradas guiam os socorristas e voluntários em um local que parece ter sofrido um violento terremoto. "Ainda não encontraram o meu filho", lamenta uma mulher originária do sul do país, após inspecionar os últimos corpos retirados debaixo do acúmulo de cimento e aço retorcidos.
O imóvel abrigava cinco oficinas vinculadas à marca espanhola Mango e à britânica Primark, as únicas que confirmaram suas relações com as confecções de Rana Plaza, onde trabalhavam mais de 3.000 pessoas. Em novembro, um incêndio em uma confecção têxtil perto de Dacca matou 111 funcionários, em sua maioria mulheres, o que já havia provocado acirrados debates sobre as condições de trabalho e a segurança dos trabalhadores nesta indústria.
Há cerca de trinta anos, Bangladesh passou a atrair fábricas do setor têxtil para a exportação, o motor de sua economia. Com anos de crescimento acelerado, as 4.500 fábricas têxteis ajudaram este pobre país do sul da Ásia, com seus 153 milhões de habitantes, a reduzir a pobreza endêmica em um ritmo mais rápido do que sua vizinha, a Índia.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) exigiu nesta sexta-feira que as autoridades de Bangladesh se empenhem para criar "locais de trabalho seguros". "A OIT pede ao governo, aos empregadores e sindicatos para aumentar seus esforços para proporcionar locais de trabalho seguros", declarou seu porta-voz em Genebra.