Roma - Enrico Letta, jovem figura proeminente da esquerda moderada encarregado de formar um novo governo, realizou nesta quinta-feira consultas políticas para formar o mais rápido possível um executivo que reúna a esquerda e a direita e que permita tirar a Itália da crise política.
Letta, designado na quarta-feira pelo presidente Giorgio Napolitano, se reuniu na Câmara dos Deputados com lideranças de todas as forças políticas com representação parlamentar.
Este católico moderado, três vezes ministro, se reuniu com representantes do Povo da Liberdade (PDL), de Silvio Berlusconi, de sua própria formação, o Partido Democrata (PD, principal partido de esquerda), e com partidários do atual chefe de governo, Mario Monti. Com base nessas três forças, até o momento rivais, terá que construir uma maioria no parlamento para poder obter um voto de confiança. Após sua reunião com Letta, o secretário do PDL, Angelino Alfano, destacou que "ainda há problemas a serem solucionados".
"Serão necessárias outras reuniões", acrescentou, dando a entender que a formação do governo não deve acontecer antes do fim de semana. "Com o PDL ainda há divergências importantes", reconheceu Letta, destacando, porém, que as reuniões foram "muito construtivas". Também conversou por telefone com ;Il Cavaliere;.
"Apoiaremos qualquer governo para aprovar os projetos de lei urgentes de que a Itália necessita", prometeu nesta quinta Berlusconi, que defende a abolição do imposto de propriedade sobre a residência principal, instaurado pelo governo de Mario Monti. "Estou muito nervoso, mas sou otimista por natureza, estou pronto para lutar", acrescentou.
Letta, até agora número dois do PD, tem 46 anos, o que fará dele um dos mais jovens chefes de governo europeus se ele executar bem a sua missão. Mas esta missão é delicada, já que consiste em conseguir fazer com que convivam em um mesmo governo representantes do PD e do PDL, que se detestam cordialmente.
Se o governo Letta conseguir passar por essa prova, conseguirá então tirar a Itália da paralisia política causada após as eleições de 24 e 25 de fevereiro, depois da qual não houve um partido com maioria clara para governar o Parlamento. A esquerda tem a maioria absoluta na Câmara dos Deputados, enquanto o Senado, câmara sem a qual é impossível governar, está dividido em três blocos: PD, PDL e o Movimento 5 Estrelas (M5S), do ex-humorista Beppe Grillo.
O M5S já indicou que não votará a confiança, assim como o pequeno partido "Esquerda, Ecologia e Liberdade", enquanto que a Liga Norte prometeu conduzir uma "oposição construtiva". Enrico Letta se comprometeu a formar "um governo a serviço do país", tendo como objetivo "reformas institucionais para reduzir a quantidade de parlamentares, modificar o bicameralismo e uma nova lei eleitoral", causa do atual beco sem saída em que se encontra o país.