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Confrontos entre etnias deixam 21 mortos em região chinesa de Xinjiang

Choques armados foram registrados no condado de Barshuk, na parte ocidental da província, depois que a polícia inspecionou a casa de pessoas suspeitas de armazenar facas ilegais, indicou o governo em seu site Tianshan Net

Pequim - Pelo menos 21 pessoas morreram em violentos confrontos ocorridos na região chinesa de Xinjiang, onde vive a minoria muçulmana, anunciaram as autoridades nesta quarta-feira (24/4). Choques armados foram registrados no condado de Barshuk, na parte ocidental da província, depois que a polícia inspecionou a casa de pessoas suspeitas de armazenar facas ilegais, indicou o governo em seu site Tianshan Net.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, disse que 15 policiais e assistentes sociais perderam a vida nos confrontos registrados na terça-feira (23/4) - entre elas 10 pessoas da minoria muçulmana dos uigures, que vivem majoritariamente em Xinjiang. Outros dois uigures ficaram feridos.

Xinjiang, uma região que é duas vezes maior do que a Turquia, abriga 9 milhões de uigures, que denunciam a repressão cultural e religiosa por parte das autoridades chinesas. A região costuma ser palco de incidentes devido às tensões existentes entre os han, a etnia majoritária que habita a China, e os uigures, população muçulmana de língua turca.

O governo e os meios de comunicação estatais costumam apontar o terrorismo como a causa dos incidentes, mas alguns especialistas afirmam que não há provas de uma ameaça terrorista e que a violência se deve ao ressentimento da população local.


Entre os mortos também há seis agentes policiais, disse Hou Hanmin, chefe do gabinete de imprensa do governo de Xinjiang. Seis "criminosos" também perderam a vida nos distúrbios. Ele são uigures, segundo Hou. Outras oito pessoas foram detidas.

A porta-voz da Chancelaria disse que, segundo investigações preliminares, trata-se de um grupo que preparava ataques terroristas. "Em geral, a situação em Xinjiang é boa. Mas há um punhado de terroristas que tentam alterar a estabilidade e o desenvolvimento de Xinjiang", disse. "Seus esquemas não recebem apoio popular e não terão êxito algum", esclareceu.

A China acusa com frequência os uigures de executarem atividades terroristas na província, onde 20 homens foram detidos em março acusados de terrorismo. Grupos de defesa de direitos humanos consideram que, na realidade, há uma repressão por parte do governo chinês a essa minoria.

O distrito de Barchuk (Barchu em chinês) está localizado a leste de Kashgar, uma cidade que foi palco em várias ocasiões de confrontos sangrentos nos últimos anos. O pior até o momento foi registrado em 2009, quando cerca de 200 pessoas perderam a vida e mais de 1.600 ficaram feridas em Urumqi, capital da região autônoma.

Em fevereiro de 2012, a violência deixou 20 mortos e trouxe à tona as tensões entre uigures e hans, acusados pelos primeiros de colonizar seu território. Kashgar e Hotan também registraram confrontos no fim de julho e início de agosto de 2011, o que motivou Pequim a enviar uma brigada de elite da polícia antiterrorista. Os ataques, oficialmente atribuídos aos uigures, e a resposta da polícia deixaram mais de 20 mortos.

Os Estados Unidos pediram que a China proteja os direitos da minoria uigur e realize uma investigação transparente da recente violência.

Patrick Ventrell, porta-voz do Departamento de Estado, instou a China a "avançar para reduzir as tensões e promover a estabilidade em Xinjiang a longo prazo". "Pedimos que as autoridades chinesas conduzam uma investigação completa e transparente deste incidente e forneçam a todos os cidadãos chineses -- incluindo uigures -- a devida proteção a que têm direito," disse.

Segundo dados oficiais, 46% da população de Xinjiang é uigur, enquanto 39% é han chinesa, depois que milhões se mudaram para esta região nos últimos anos.