Para obter o máximo de informações, sobretudo se os irmãos Tsarnaev agiram sozinhos ou se contaram com uma rede de apoio, os investigadores examinam a necessidade de retirar do jovem o benefício dos "direitos de Miranda", que permitem a um acusado ficar em silêncio e receber a assistência de um advogado durante os interrogatórios.
Policiais de unidades antiterroristas que receberam treinamento para abordar detentos considerados de "grande valor" esperam poder interrogar o jovem, segundo uma fonte das forças de segurança.
"Combatente inimigo"
Muitos senadores republicanos desejam que Tsarnaev seja tratado como um "combatente inimigo", apesar de ter nacionalidade americana desde 2012.
O status, o mesmo atribuído aos detentos na prisão militar de Guantánamo, prevê que uma pessoa possa permanecer detida por tempo indeterminado, sem processo, ou que seja julgada por um tribunal militar.
O senador Lindsay Graham afirmou que o status não poderia ser aplicado a Tsarnaev durante o processo, mas apenas para obter informações úteis na luta contra o terrorismo.
"O jovem terá direito a um julgamento justo, mas deveríamos ser autorizados a interrogá-lo para descobrir futuros atentados e organizações terroristas que ele poderia conhecer", disse.
Enquanto Dzhokhar Tsarnaev permanecer sem condições de falar, a investigação vai priorizar o roteiro seguido por seu irmão mais velho, Tamerlan, de 26 anos, morto na quinta-feira durante um confronto com a polícia.
Os investigadores se interessam em particular pelo período de seis meses que Tamerlan passou ano passado no Daguestão e na Chechênia. O pai dos dois, Anzor, disse que ele apenas visitou a família.
Em 2012 as autoridades russas solicitaram ao FBI que vigiasse o jovem, depois de ter recebido uma informação de que seria "partidário do islã radical e um fiel fervoroso, que teria mudado drasticamente em 2010", segundo a polícia federal americana, que não encontrou detalhes comprometedores.
De fato, a vigilância sobre Tamerlan, que retornou a Boston em julho de 2012, foi reduzida.
FBI criticado
O FBI passou a receber fortes críticas por esta decisão. "Há muitas perguntas que merecem respostas", afirmou o senador democrata Charles Schumer.
"Por quê (Tamerlan) não foi interrogado depois de seu retorno? E o que aconteceu na Chechênia que pode ter contribuído para sua radicalização?" questionou.
Para Lindsay Graham, "o FBI passou por cima" de elementos que poderiam ter alertado sobre a evolução do jovem.
"Consultava sites que falam de matar americanos, expressava claramente ideias radicais, visitou zonas de radicalismo islamita", enumerou.
As autoridades russas informaram neste domingo que não encontraram nenhuma relação entre os irmãos Tsarnaev e a rebelião no Cáucaso.
Os rebeldes do Cáucaso do Norte negaram neste domingo qualquer envolvimento no atentado de Boston da segunda-feira passada, pelo qual foram acusados os dois irmãos de origem chechena residentes nos Estados Unidos.
"O comando de Vilayat Dagestan Muyahidin declara que os combatentes do Cáucaso não executam nenhuma ação militar contra os Estados Unidos. Só combatemos a Rússia", afirma um comunicado oficial publicado no site Kavkacenter.com.
"Apenas combatemos a Rússia, que não apenas é responsável pela ocupação do Cáucaso, mas também por crimes monstruosos contra os muçulmanos", afirma o grupo rebelde.