Roma - O presidente da República italiana em fim de mandato, Giorgio Napolitano, de 87 anos, foi reeleito neste sábado pelo Parlamento da Itália para um segundo mandato, segundo os resultados parciais.
A reeleição de Napolitano, que superou os 504 votos necessários, foi recebida com um longo aplauso na sala do Parlamento, enquanto do lado de fora grupos de manifestantes do midiático Movimento Cinco Estrelas do comediante antissistema Beppe Grilo protestavam contra sua nomeação.
O décimo segundo presidente da República italiana aceitou permanecer no cargo que ocupa há sete anos por responsabilidade em relação ao país e, sobretudo, pela incapacidade das forças políticas de eleger no Parlamento, como prevê a Constituição, uma figura nova.
"Hoje é um dia importante para a República. Agradeço a Napolitano por seu espírito de serviço e sua generosidade pessoal e política por aceitar este compromisso em um momento tão difícil, marcado pela incerteza", declarou o líder da direita Silvio Berlusconi.
[SAIBAMAIS]
A decisão do atual chefe de Estado, que concluirá seu mandato com 94 anos, é inédita, por ser a primeira vez que um presidente italiano é reeleito. Napolitano, que, em sete anos de mandato, precisou resolver intrincadas crises políticas, aceitou o pedido, embora não se saiba se ele impôs condições, como a formação de um governo que consiga aprovar a reforma da polêmica lei eleitoral, principal culpada pela ingovernabilidade.
A eleição do chefe de Estado pelo Parlamento, que se reunia duas vezes por dia para votar desde a última quinta-feira, representou uma derrota para o PD, à beira da implosão e do chamado "suicídio político". A terceira maior economia da eurozona encontra-se à deriva, diante de uma das piores crises políticas e econômicas da história republicana.
"A Itália está encalhada. Não faltam apenas uma maioria e um governo ao país, mas também a capacidade de eleger o chefe de Estado", diz o editorial do jornal "La Repubblica", intitulado simbolicamente de "O naufrágio".
A esquerda, vencedora parcial das eleições legislativas do fim de fevereiro, não conseguiu a eleição à chefia de Estado de dois importantes candidatos devido às graves divisões internas.
O caos reina no PD desde que o ex-primeiro-ministro Romano Prodi, entre seus líderes mais prestigiados, saiu queimado, nesta sexta-feira, da traição de 101 parlamentares do próprio partido, contrários à liderança de Pier Luigi Bersani e à sua incompreensível linha política.
"Nenhuma decepção", afirmou Prodi após a vitória de Napolitano. A guerra impiedosa entre as correntes do PD foi definida como "canibalismo cego" pela imprensa, que fala em "suicídio coletivo".
Com um país sem maioria clara, dividido em três partes irreconciliáveis após as eleições legislativas, realizadas há mais de 50 dias, os líderes da esquerda, da direita e do centro optaram por uma figura conhecida, que oferece garantias a todas as forças e acalma o clima tenso, mas deixa incertezas em relação ao desejo de mudança manifestado por boa parte do eleitorado italiano no fim de fevereiro.