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Presidente italiano aceita ser candidato a um segundo mandato

Giorgio Napolitano, de 87 anos, deseja enfrentar impasse político vivido pela Itália

"O sentimento de responsabilidade perante a nação me impulsiona e confio em uma análoga responsabilidade coletiva", afirma a nota ao se referir às votações no Parlamento.

A caótica eleição do chefe de Estado italiano por parte do Parlamento, que desde quinta-feira se reúne duas vezes por dia para votar, significou uma dura derrota para o Partido Democrático, à beira da implosão e do suicídio político.

A terceira economia da Eurozona encontra-se à deriva, diante da pior crise política da história republicana.

Itália encalhada

[SAIBAMAIS]"A Itália está encalhada. Não apenas falta uma maioria e um governo ao país, mas também é incapaz de eleger o chefe de Estado", sustenta em um editorial, o jornal La Repubblica sob o emblemático título de "O naufrágio".

Os 1006 eleitores italianos cumpriram o ritual neste sábado de se reunir no Parlamento para a quinta rodada de votações destinadas a eleger o presidente da República, na qual dominou o voto em branco.

As duas maiores formações políticas de esquerda e direita optaram pelo voto em branco para ganhar tempo e abrir complicadas negociações entre as forças políticas com a intenção de acalmar o clima tenso diante das duas derrotas da esquerda, vencedora parcial das eleições legislativas do fim de fevereiro, mas incapaz de apresentar um candidato que alcance o consenso por suas divisões internas.

O caos reina no Partido Democrático (PD) depois que o ex-primeiro-ministro Romano Prodi, entre seus líderes mais prestigiados, saiu queimado na sexta-feira pela traição de 101 parlamentares do próprio partido, contrários à liderança de Pier Luigi Bersani e a sua incompreensível linha política.

"Um em cada quatro é um traidor", reconheceu Bersani após anunciar sua dramática renúncia.

A guerra sem piedade entre correntes no PD foi definida como "canibalismo cego" pelo jornal Il Fatto Quotidiano, que o chama de "suicídio coletivo".

"É imperdoável que este partido tenha envolvido milhões de eleitores e militantes em suas decisões para que acompanhem agora um tipo de vingança tribal cometida durante a eleição do novo presidente da República", escreveu o fundador do jornal, Antonio Padallaro.

Com um país sem maioria clara, dividido em três partes irreconciliáveis após as eleições legislativas celebradas há 52 dias, os líderes da esquerda, da direita e do centro pediram neste sábado ao atual presidente da República para que permaneça no cargo.

Embora possam ocorrer surpresas, é possível que Napolitano seja eleito na sexta rodada de votações ainda neste sábado.

Por sua vez, o comediante antissistema Beppe Grillo, do rebelde Movimento Cinco Estrelas, mantém a candidatura do prestigiado intelectual Stefano Rodotá, apoiada por um setor da esquerda.