Damasco - O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que os ocidentais brincam com fogo ao financiar a Al-Qeada e que pagarão caro por isso, porque a organização irá se voltar contra ele.
Segundo trechos de uma entrevista concedida à televisão estatal, que deverá ser exibida nesta quarta-feira à noite, Assad afirma que uma derrota de seu regime para os rebeldes significaria o fim da Síria, o que nenhum cidadão sírio poderia aceitar. "O ocidente já pagou muito caro por ter ajudado a Al-Qaeda em seu surgimento. Hoje tem feito a mesma coisa na Síria, na Líbia e em outros locais, e pagará caro no coração da Europa e dos Estados Unidos", alertou o presidente Assad, na entrevista ao canal Al-Ikhbariya.
O chefe de Estado sírio referiu-se à ajuda concedida pelos Estados Unidos nos anos 1980 aos mujahedines do Afeganistão em sua luta contra a ocupação soviética, e que se voltaram de maneira espetacular contra os americanos. A Frente Al-Nosra, um grupo formado por jihadistas sírios e estrangeiros que luta ao lado dos rebeles contra o regime de Assad na Síria, anunciou há uma semana sua lealdade ao chefe da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, que havia feito um apelo quatro dias antes aos rebeldes para que lutassem por um "Estado islâmico" na Síria.
Neste contexto, "não temos outra opção a não ser a vitória, porque se não formos vitoriosos, será o fim da Síria e eu acredito que nenhum cidadão sírio aceite essa opção", declarou Assad. "A verdade é que existe uma guerra. E eu repito sem descanso o não à rendição e o não à submissão", acrescentou. O presidente sírio também condicionou sua saída a "uma decisão do povo", deixando a entender que poderá se candidatar às próximas eleições presidenciais, previstas para 2014. "O cargo (de presidente) não tem valor sem o apoio do povo. A permanência ou a saída do presidente está condicionada a uma decisão do povo", declarou Assad na entrevista.
Além disso, Assad criticou o apoio dos países ocidentais e árabes aos rebeldes, particularmente o da Jordânia. "Não posso acreditar que centenas (de rebeldes) entram com suas armas na Síria, enquanto a Jordânia é capaz de deter uma única pessoa armada por resistir (a Israel) na Palestina".
Ele advertiu que a guerra em seu país poderá se estender para o território jordaniano. "O incêndio não ficará em nossas fronteiras, todos sabem que a Jordânia está tão exposta (à crise) quanto a Síria", frisou Assad.
Os rebeldes tomaram o controle recentemente de um trecho de 25 km no sul da Síria, na fronteira com a Jordânia. Damasco acusa o seu vizinho de treinar combatentes e deixar que entrem na Síria.