Jornal Correio Braziliense

Mundo

Reino Unido se despede da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher

O caixão da Dama de Ferro, com a bandeira nacional britânica, chegou à porta do imponente templo anglicano em uma carruagem puxada por seis cavalos

Londres - Mais de 2.300 convidados prestaram homenagem nesta quarta-feira a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, figura importante e polêmica da história moderna britânica, em um funeral suntuoso na catedral londrina de St. Paul. O caixão da Dama de Ferro, com a bandeira nacional britânica, chegou à porta do imponente templo anglicano em uma carruagem puxada por seis cavalos. Depois, oito militares de forças associadas com a guerra das Malvinas em 1982 carregaram o caixão nos ombros. A procissão foi acompanhada por dezenas de milhares de pessoas nas ruas do centro da capital, entre elas uma minoria de manifestantes anti-Thatcher.



A rainha Elizabeth II, que não costuma comparecer aos funerais de seus primeiros-ministros, abriu a segunda exceção em meio século pela mulher cujo legado cria polêmica mais de duas décadas depois de ter sido forçada a abandonar o cargo. Ao lado dela também estavam representantes de 170 países, incluindo 11 chefes de Governo e 17 ministros das Relações Exteriores.

A Argentina, que mantém uma relação tensa com o Reino Unido pelo tema da soberania das Malvinas, rejeitou o convite. Também não viajaram, por diversos motivos, os ex-presidentes dos Estados Unidos, convidados em nome da "relação especial" entre as duas nações e que Thatcher aprofundou com sua aliança com Ronald Reagan para ajudar a derrotar o comunismo nos últimos anos da Guerra Fria.

[SAIBAMAIS]A imprensa criticou a modesta delegação enviada pelo presidente Barak Obama, composta por dois ex-secretários de Estado da era Thatcher, James Baker e George Schultz.

Por desejo expresso da falecida, que morou em Downing Street durante 11 anos, de 1979 a 1990, mais de 700 membros das Forças Armadas britânicas participaram no funeral. A maioria eram de regimentos que lutaram na curta, mas violenta, guerra das Malvinas, que forjou sua reputação de Dama de Ferro e salvou sua carreira política ao garantir a primeira reeleição.

No arquipélago, onde Thatcher é venerada quase como uma santa, nesta quarta-feira é dia de luto oficial e está prevista uma missa em sua memória em Stanley, a capital que alguns desejam rebatizar de "Port Margaret". A polícia, que revisou o dispositivo após o atentado de segunda-feira em Boston, não registrou nenhum incidente importante, apesar do anúncio de protestos de vários grupos contra as políticas conservadoras de privatizações e contra o estado de bem-estar, que deixaram muitos britânicos sem trabalho ou recursos.

Nos últimos anos, Thatcher não era mais que uma sombra do que foi e vivia afastada das atividades públicas por uma demência senil e uma série de derrames que dificultaram sua fala. Após o funeral, a Dama de Ferro será cremada em uma cerimônia privada e as cinzas serão enterradas ao lado do marido, Denis, falecido em 2003 após 50 anos de casamento, nos jardins do Royal Hospital Chelsea de Londres.