Peshawar Paquistão - Uma série de atentados contra políticos paquistaneses deixaram ao menos vinte mortos e dezenas de feridos nesta terça-feira (16/4), dia mais sangrento da campanha eleitoral para as legislativas no próximo mês.
Um atentado suicida reivindicado pelos talibãs em um ato do Partido Nacional Awami (ANP), formação laica de forte influência no norte do Paquistão e membro da coalizão no poder em Islamabad, deixou ao menos 16 mortos e 30 feridos em Peshawar, segundo fontes médicas.
A explosão ocorreu no bairro de Yakatoot, logo após a chegada de Ghulam Ahmed Bilour, um dos líderes do ANP, que sobreviveu ao ataque.
Ghulam, irmão do último líder do ANP, Bashir Bilour, assassinado pelo Talibã no ano passado, tornou-se um dos aliados dos insurgentes depois de ter oferecido no ano passado uma recompensa de US$ 100.000 pela morte do diretor do filme americano "A inocência dos muçulmanos", ofensivo ao Islã.
Imagens da televisão paquistanesa mostravam veículos em chamas e socorristas ajudando as vítimas em meio a uma nuvem de fumaça. O Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), Movimento dos Talibãs Paquistaneses, reivindicou o ataque de Peshawar, mas pediu desculpas por ter ferido Ghulam, e explicou que seu alvo era seu genro Harron.
Antes, Sanaullah Zehri, líder do PML-N (oposição) na província do Baluchistão, em luto pelo terremoto que atingiu a região e o vizinho Irã, tinha sido alvo de um atentado não reivindicado.
Zehri sobreviveu ao ataque, mas seu filho, seu irmão, seu genro e seu motorista morreram, elevando para 20 o número de mortos em ataques contra políticos.
Esta terça-feira (16/4) foi o dia mais sangrento desde o início da campanha para as eleições eleitorais de 11 de maio, no mês passado. Desde então, o Talibã paquistanês ameaçou de morte os membros dos principais partidos laicos.
O TTP reivindicou o assassinato na semana passada de um candidato do MQM, outra formação laica, e no domingo, de um membro do ANP.
A este clima de tensão eleitoral, somou-se a invalidação da candidatura do atual primeiro-ministro Raja Pervez Ashraf na segunda-feira. Nesta terça foi a vez do ex-presidente Pervez Musharraf ter sua candidatura rejeitada, após ter retornado em março de um exílio de quatro anos.
A candidatura de Musharraf, que esteve no poder de 1999 até sua renúncia em 2008, já havia sido rejeitada em três circunscrições para estas eleições, mas aceita em Chitral, prova do caráter arbitrário do processo de validação de candidaturas, segundo analistas.
Mais de seis quilos de explosivos foram usados no atentado, indicaram oficiais.