Neste período, e desde maio de 2009, a PIP enfrentava dificuldades financeiras causadas por processos judiciais em Estados Unidos e Grã-Bretanha. As autoridades americanas já haviam soado o alarme em 2000, após uma inspeção. Dez anos depois, a polícia francesa encontrou no pátio da fábrica francesa um caminhão com o óleo de silicone inadequado. O inquérito revelou que a PIP falsificava contas e material sempre que era submetida pelo controle de certificação, realizado pela alemã T;V, encarregada de marcar os implantes com o selo de qualidade europeia CE.
Segundo a polícia, era "uma verdadeira quadrilha organizada" que "conseguiu manter sigilo por dez anos". O gel fraudulento custava dez vezes menos do que o gel autorizado Nusil, o que permitia à empresa reduzir seus custos em um milhão de euros por ano.
Detido, Jean-Claude Mas confessou imediatamente: 75% dos implantes foram preenchidos com um produto não-aprovado fabricado pela própria empresa. "Fiz isso propositalmente porque o gel PIP era mais barato", reconheceu ele, que, no entanto, negou que era prejudicial à saúde. "As vítimas só apresentam queixa para conseguir dinheiro", disse.
Um inquérito judicial foi aberto por lesões não intencionais em 2011. Mas e quatro de seus colaboradores foram indiciados, mas a investigação se anuncia longa. Enquanto isso, no processo de fraude agravada e fraude, as vítimas "esperam ser reconhecidas como tal", declara Alexandra Blach;re, que dirige uma associação de portadoras dessas próteses e que considera que este processo "é apenas um primeiro passo."
Outras expressam frustração, lamentando que o bloqueio financeiro dos potenciais bens de Mas no exterior não foi realizado. Trata-de de uma decisão da Procuradoria que dissociou os processos judiciais para que um processo pudesse ocorrer rapidamente. Outras reclamam do fato de a agência de certificação não estar no banco dos réus. O que está em jogo é a indenização das vítimas, já que os réus são insolventes.
Para a advogada Arie Alimi, defensora das vítimas na Venezuela, "a questão é o que acontecerá depois: cabe a União Europeia criar um fundo de compensação". A UE é "a raiz da catástrofe", por ter realizado um controle "frouxo" da qualidade dos implantes, argumenta a advogada, ressaltando que "quando você quer um sistema liberal, deve ter por trás um mecanismo de garantia para reparar os danos" .