O fim do lucro na educação, proibido por lei, mas burlado por meio de uma serie de brechas, junto a uma educação pública gratuita e de qualidade, estão no centro das reivindicações estudantis.
Na última quinta-feira cerca de 20.000 estudantes protestaram nas ruas de Santiago exigindo uma profunda reforma educacional que acabe com o lucro e fortaleça a educação pública.
"Não podemos continuar com ajustes e pequenas reformas", declarou Bachelet, em referência às propostas implementadas pelo governo de direita de Sebastián Piñera para enfrentar as demandas estudantis, que incluem uma redução dos juros sobre os créditos universitários e um número maior de bolsas, mas não a gratuidade.
"Para obter esta reforma educacional, e outras reformas, não basta apenas a vontade do governo. É necessário uma grande maioria parlamentar para incentivar essas mudanças essenciais para o nosso país", acrescentou a ex-presidente socialista.
Os estudantes já haviam pressionado Bachelet em 2006 e levaram à saída do então ministro da Educação, exigindo a abolição de uma lei que transferia para os municípios a administração das escolas públicas, o que alunos e professores consideraram como uma medida que enfraqueceu a qualidade da educação pública.
Produto das reformas liberais impostas pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), o sistema educacional chileno é considerado um dos mais desiguais do mundo.
Atualmente, poucos frequentam escolas públicas. A maioria dos alunos estuda em escolas particulares, que têm suas mensalidades pagas pelos pais e pelos estados, enquanto os proprietários obtêm grandes lucros.
Em nível universitário, onde os centros privados dominam, não existe gratuidade.