Em sua homilia, o Papa latino-americano pediu aos sacerdotes que cheguem às "periferias, onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear sua fé", afirmou.
As palavras e os gestos simbólicos do primeiro Papa latino-americano e jesuíta da história parecem ter mudado o Vaticano em quinze dias. Ele pediu que os prelados romanos se vistam "com a humilde casula". "Pode nos fazer bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e a face de nosso povo fiel, de nossos santos e de nossos mártires", disse.
Pronunciadas da Basílica de São Pedro, suas palavras estremecem a hierarquia da Igreja e preocupam aqueles que temem as reformas. "É um Papa incômodo. Por enquanto, no Vaticano ele é visto com apreço, mas se continuar se comportando como um ;bispo pobre;, vai começar a irritar os prelados mais conservadores", ressalta o vaticanista Marco Politi.
O desejo de transparência faz parte de um novo estilo, distante do comportamento tradicional dos papas, também manifestado por sua decisão de não morar "no momento" no luxuoso apartamento dos Papas dentro do palácio apostólico do Vaticano. "É sóbrio e não é exibido", afirma Politi.
Em sua homilia aos prelados o Papa jesuíta reiterou os princípios ilustrados por ele mesmo, quando era o simples cardeal argentino Jorge Bergoglio. "Quando a Igreja não sai de si mesma para evangelizar se torna autorreferencial e, então, fica doente" , advertiu o novo chefe da Igreja Católica. Depois da homilia, o Papa abençoou os Santos Óleos usados para os sacramentos, como os batismos e para os enfermos.
Durante a tarde o Papa celebrará uma missa na prisão para menores romana de Casal del Marmo, durante a qual lavará os pés de alguns jovens detentos, seguindo uma tradição se quando era arcebispo de Buenos Aires. Segundo a "expressa vontade" de Francisco, a cerimônia será simples e a missa não será transmitida ao vivo pela televisão, respeitando seu estilo sóbrio.