O caso começou em julho de 2010, quando a ex-contadora da família Bettencourt declarou à polícia que o então homem de confiança dos Bettencourt, Patrice de Maistre, tinha lhe pedido 150.000 euros em dinheiro no início de 2007. De Maistre assegurou, segundo a contadora, que o dinheiro era destinado a Eric Woerth, então tesoureiro da campanha de Sarkozy e depois ministro.
Várias pessoas próximas à milionária declararam que tinham visto várias vezes Sarkozy durante esse período. Os juízes tentam determinar se Sarkozy cometeu um abuso de incapaz contra Bettencourt, então com 84 anos, ao pedir dinheiro para financiar sua campanha.
O crime de financiamento ilegal prescreve em três anos, mas não o de abuso de incapaz, que pode ser castigado com até três anos de prisão e com uma multa de 375 mil euros.
Herzog afirmou recentemente que Sarkozy visitou apenas uma vez a casa de Bettencourt durante sua campanha de 2007, para se reunir brevemente com André Bettencourt, o marido da milionária, falecido em novembro do mesmo ano.
Direita denuncia "crueldade dos juízes"
Em uníssono, a direita francesa denunciou nesta sexta-feira uma "crueldade dos juízes" contra Sarkozy.
O ex-primeiro-ministro, François Fillon, classificou a acusação de Sarkozy como "injusta e extravagante", enquanto uma pessoa próxima de Sarkozy, o deputado Henri Guaino, afirmou que o juiz Gentil havia "desonrado a justiça".
Esses ataques contra a justiça francesa foram considerados intoleráveis pelo líder do partido socialista, Harlem Désir, que advertiu a direita contra qualquer tipo de pressão.
Já a ministra de Habitação, a ecologista Cécile Duflot, considerou normal o indiciamento de Sarkozy. Para a direita francesa, recém recuperada da crise política que atravessou há alguns meses, este anúncio representa um duro golpe, sem que, até o momento, nenhuma personalidade, à exceção de Sarkozy, tenha se posicionado como candidata indiscutível para as eleições presidenciais de 2017.