Carolina Hernández, 62 anos, já estava há quase cinco horas na fila para ver o corpo de Chávez. "Eu queria ter me despedido dele antes que se fosse. Chávez foi um grande presidente, sabe? Ele lutou muito por esse país", comentou. Na opinião dela, os chavistas precisam continuar no poder, a fim de preservar o ideal bolivariano. "Se outras pessoas chegarem ao poder, tudo se perderá", preocupa-se. Com a tradicional boina sobre a cabeça, o cozinheiro Cruz Ramón Silva, 58 anos, não esconde o orgulho ao falar do presidente morto. Os olhos brilham. "Para mim, ele foi como um irmão, um pai, um professor e um segundo Simón Bolívar. Ainda que tenha morrido, nosso presidente Chávez estará no coração de toda a Venezuela", admite. Ele vê com reservas o anúncio do embalsamamento de Chávez. "Maduro teria que consultar os pais do nosso presidente. Mas o melhor seria enterrá-lo com Simón Bolívar. Chávez o merece", sorri. Ele contou não ter pressa para ver o corpo do mandatário. "Serão mais sete dias, não é?", questiona.
Crisbel Ruíz tem apenas 9 anos, mas já mostra preocupação política. Tanto que acompanhou a mãe ao Passeo Los Próceres, na noite de quinta-feira. "Meu coração está triste porque nosso comandante faleceu. Chávez sempre nos deu tudo. Ele foi demasiadamente bom conosco", disse. Mãe e filha chegaram às 9h diante da Academia Militar e tentaram, sem sucesso, se aproximar o caixão. Garantiram que estariam ali, novamente, na sexta-feira, para dizer adeus ao presidente. "Agora que morreu, Chávez passa a ser a vida desse povo", afirmou ao Correio o músico Ángel Eduardo Mendoza, 25 anos, que também usava a mesma jaqueta estilizada com as cores da bandeira. "Chávez nos deixa todo um compromisso com o país, um amor pátrio que despertou e que não morrerá jamais." Apesar de reconhecer que nada é eterno, ele aposta que a Revolução Bolivariana vai transcender o tempo, permanecendo como uma chama viva e eterna para os venezuelanos.
Confira vídeo do enviado especial do Correio à Caracas:
[VIDEO1]