Seul - A Coreia do Norte acusou nesta quinta-feira (7/3) os Estados Unidos de quererem provocar uma guerra atômica e ameaçou o país com um ataque nuclear preventivo, uma ameaça à qual Washington respondeu afirmando ser "completamente capaz" de defender a si e a seus aliados.
A ameaça foi feita horas antes de uma votação no Conselho de Segurança da ONU, que terminou por para reforçar as sanções contra Pyongyang devido a um teste nuclear realizado em fevereiro.
"Eu posso dizer-lhes que os Estados Unidos são totalmente capazes de se defender de qualquer ataque com míssil balístico norte-coreano", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
"Nossos sucessos recentes em voltar a testar a versão atualizada do chamado míssil GBI ou CE-II nos manterá em uma boa trajetória para melhorar nossa capacidade de defesa contra ameaças limitadas de mísseis balísticos", acrescentou.
A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, disse que Washington leva as ameaças muito a sério, mas declarou que "a retórica extrema não é incomum neste regime". "Nós não temos apenas uma capacidade total de defender os Estados Unidos, mas estamos preparados para defender nossos aliados", afirmou.
Antes da votação das sanções na ONU, o regime norte-coreano voltou a apresentar a retórica belicosa. Recentemente, Pyongyang já havia ameaçado denunciar o acordo de armistício que pôs fim à Guerra da Coreia em 1953.
"Já que os Estados Unidos se dispõem a desencadear uma guerra nuclear, (nossas) forças armadas revolucionárias (...) se reservam o direito de lançar um ataque nuclear preventivo para destruir os bastiões dos agressores", declarou um porta-voz do ministério das Relações Exteriores norte-coreano citado pela agência oficial KCNA.
Também advertiu que uma segunda guerra da Coreia era inevitável depois que Washington e Seul se negaram a cancelar as manobras militares conjuntas previstas para a próxima semana.
O Rodong Sinmun, o jornal oficial do partido único, brandiu, por sua vez, a ameaça de uma "guerra termonuclear". "A guerra não se veria confinada à península coreana", advertiu, referindo-se ao arsenal balístico do país, capaz, segundo ele, de atingir o território americano, sobretudo as ilhas do pacífico.
O Conselho de Segurança se reuniu na manhã desta quinta-feira em Nova York para votar um texto proposto por Washington e Pequim que impõe novas sanções à Coreia do Norte para impedir que consiga a tecnologia necessária para desenvolver seus programas nucleares e balísticos.
A resolução do Conselho, proposta por vários países (entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul e França) e adotada de forma unânime por seus 15 membros, tenta acabar com as fontes de financiamento utilizadas por Pyongyang para se aproximar de suas ambições militares e balísticas.
Desde o anúncio, em fevereiro, do terceiro teste nuclear norte-coreano, precedido por outros em 2006 e 2009, o Conselho de Segurança anunciou sua intenção de tomar "as medidas adequadas" em uma nova resolução. Segundo o embaixador russo na ONU, Vitali Churkin, a votação da resolução que impõe estas sanções será realizada às 10h00 locais (12h00 de Brasília). Nenhum dos 15 países do Conselho pediu mudanças importantes no projeto de texto proposto por Washington e Pequim, disse.
Já ocorreram várias rodadas de sanções contra Pyongyang desde 2006 em resposta a testes nucleares ou a disparos balísticos norte-coreanos, mas elas não parecem ter surtido efeito sobre o regime stalinista. Agora, a nova resolução se propõe a cortar as fontes de financiamento dos programas nucleares e balísticos de Pyongyang, explicam vários diplomatas.
Também aumentará as sanções existentes, ampliando, por exemplo, a lista negra das empresas e das autoridades norte-coreanas que tiveram seus bens congelados ou que não podem viajar. E os diplomatas norte-coreanos serão submetidos à vigilância.
Em dezembro, a Coreia do Norte lançou com êxito um foguete que, segundo Pyongyang, tinha uma finalidade espacial. Na realidade foi, segundo os países ocidentais, um disparo de teste de um míssil de longo alcance. Dois meses depois, realizou seu terceiro teste nuclear que enfureceu a comunidade internacional.