Kirchner, Mujica e Morales se aproximaram do caixão e escutaram o hino nacional da Venezuela. Em seguida, Maduro, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e representantes de outros poderes do Estado se posicionaram diante do féretro, momentos antes da chegada de Rosa Virgina, María Gabriela, Hugo e Rosa Inés, filhos de Chávez, e da neta Gabriela Rivero. Posteriormente, chegaram Elena Frías, mãe do presidente, e os irmãos Adán (governador de Barinas), Argenis, Narciso, Aníbal e Adelys. O pai não estava presente.
O féretro com os restos mortais de Chávez chegou no final da tarde à Academia Militar de Caracas, considerada seu segundo lar e berço da vocação política do ;comandante;. Acompanhado por familiares, funcionários, líderes políticos e milhares de seguidores mergulhados na tristeza, o corpo de Chávez cruzou os portões da Academia Militar após sete horas de cortejo pelas ruas de Caracas. Os militares retiraram o caixão do carro fúnebre entre aplausos e gritos de "Viva Chávez" da multidão. Segundos depois, o féretro foi carregado nos ombros de vários colaboradores, entre eles o ministro dos Esportes, Héctor Rodriguez.
Os militares que protegiam o féretro explicaram ao público que após uma cerimônia religiosa restrita à família e a altos funcionários e dirigentes ;chavistas; a câmara-ardente será aberta à visitação. Chávez será enterrado na sexta-feira, diante de vários dirigentes estrangeiros, às 10H00 local (11H30 de Brasília).
[SAIBAMAIS]Uma imensa maré humana acompanhou o cortejo fúnebre entre o hospital militar e a Academia, seguindo o féretro coberto com a bandeira venezuelana e transportado em um carro ornamentado com flores brancas e amarelas. "Até a vitória sempre, comandante, te amamos" - gritavam entre lágrimas centenas de milhares de pessoas, pedindo que Chávez seja sepultado no Panteão Nacional, ao lado do Libertador Simón Bolívar. "Isto é a história. Passarão 100 anos até surgir outro líder assim", disse entre soluços à AFP Luz Mayel, 38 anos, de origem colombiana.
Na saída do hospital militar, onde Chávez faleceu aos 58 anos após quase dois anos de luta contra o câncer, Elena Frías, mãe do ;comandante;, chorava desconsolada, enquanto um capelão militar dirigia uma breve oração. Vestido com um agasalho esportivo com as cores da Venezuela, o vice-presidente Nicolás Maduro, designado herdeiro político de Chávez e presidente interino do país, caminhou diante do carro fúnebre ao lado do presidente boliviano, Evo Morales, ministros e líderes políticos, como o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. "Maduro já é o nosso presidente. Chávez queria isto e votaremos nele quando as eleições chegarem", disse Margarita Martínez, 37 anos.
Durante o cortejo, uma gravação do hino da Venezuela com a voz de Chávez foi acompanhado com emoção por todos os presentes. Centenares de pessoas, muitas vestidas com camisetas vermelhas, a cor do ;chavismo;, tentaram se aproximar do carro fúnebre.
A Academia Militar foi escolhida para receber o corpo de Chávez porque o presidente considerava seu segundo lar e berço de sua vocação política, que em 1992 o levou a uma fracassada tentativa de golpe e sete anos depois à presidência da Venezuela. O chanceler Elías Jaua informou que uma capela fúnebre foi projetada para permitir que o maior número possível de pessoas possam ver seu "pai, seu libertador, seu protetor". Sete países latino-americanos decretaram luto nacional, entre eles o Brasil, Argentina, Chile e Cuba.
Jaua revelou que o país amanheceu calmo e disse que 10 chefes de Estado confirmaram presença no funeral. Vários devem chegar ao país na quinta-feira. Chávez, que assumiu a presidência em 1999, havia retornado de Havana em 18 de fevereiro, mas não foi visto nem ouvido, depois de ter passado por uma cirurgia em 11 de dezembro, a quarta desde o diagnóstico de câncer, cuja natureza e detalhes nunca foram oficialmente divulgados. Jaua informou na terça-feira que Maduro assumiu a presidência temporária até a convocação das eleições, cuja data será anunciada em breve pelo governo.
Maduro, de 50 anos, será o candidato governista nas eleições que devem acontecer em um prazo de 30 dias, como determina a Constituição, provavelmente contra o líder opositor Henrique Capriles, de 40 anos.