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Venezuelanos dizem adeus em homenagens ao presidente Hugo Chávez

A cada hora um disparo de canhão será realizado até o dia do enterro de Chávez. Os primeiros presidentes da América Latina começam a chegar ao país



"Era um homem muito bom e me fez muito bem. Gosto dele, tenho minha saúde por causa ele, pelos médicos cubanos que trouxe", disse, entre lágrimas, Iris Dicuro, 62 anos, que viajou de Puerto La Cruz (norte) até a capital. "Eu quero me despedir porque ele era um homem bom, que deu tudo pelos mais pobres", completou a mulher, vestida com uma camisa vermelha, a cor do chavismo.

A Guarda Nacional cercou a entrada do hospital, onde uma grande faixa afirma: "Chávez vive, a revolução segue". O corpo será levado para a Academia Militar, considerada um segundo lar pelo ex-tenente-coronel, e as autoridades esperam centenas de milhares de pessoas nas ruas no trajeto de vários quilômetros que será percorrido pela comitiva fúnebre.

As ruas de Caracas amanheceram praticamente vazias, depois que todas as atividades públicas e privadas foram, assim com as estudantis, canceladas. O chanceler Elías Jaua informou que uma capela fúnebre será instalada para permitir que o maior número possível de pessoas possam ver seu "pai, seu libertador, seu protetor".

O ministro da Defesa, Diego Molero, determinou que às 8h (9h30 GMT) todas as unidades de artilharia, navios e tanques da Força Armada Nacional Bolivariana disparassem 21 salvas de homenagem ao "comandante presidente". Molero indicou que o caixão será escoltado por quatro cavalos ao deixar o Hospital Militar. Na chegada à Academia militar serão prestadas as "honras correspondentes", assim como 21 disparos de canhão em homenagem.

A cada hora um disparo de canhão será realizado em homenagem até o dia do enterro. Os primeiros presidentes da América Latina começaram a chegar ao país para o funeral oficial, previsto para sexta-feira (8) às 10h (11h30 de Brasília).

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu colega uruguaio, José Mujica, foram os primeiros a chegar à 5h00 (6h30 de Brasília), um pouco antes do boliviano Evo Morales, que foi recebido por Jaua. O chanceler afirmou que o país amanheceu calmo e disse que 10 chefes de Estado confirmaram presença no funeral. Vários devem chegar ao país na quinta-feira.



Chávez, que assumiu a presidência em 1999, havia retornado de Havana em 18 de fevereiro, mas não foi visto nem ouvido, depois de ter passado por uma cirurgia em 11 de dezembro, a quarta desde o diagnóstico de câncer, cuja natureza e detalhes nunca foram oficialmente divulgados. O governo prometeu que informará o local do enterro do presidente, natural do estado Barinas, na região oeste do país.

O ministro da Defesa já se pronunciou a favor de que o corpo de Chávez seja levado para o Panteão Nacional e permaneça ao lado do Libertador Simón Bolívar, ídolo do falecido presidente. Jaua informou na terça-feira (5) que Maduro assumirá a presidência temporária até a convocação da eleição, que ainda não teve a data anunciada pelo governo.

Maduro, de 50 anos, será o candidato governista nas eleições que devem acontecer em um prazo de 30 dias, como determina a Constituição, provavelmente contra o líder opositor Henrique Capriles, de 40 anos.