Jornal Correio Braziliense

Mundo

Para Assad, conspiração chega ao fm e Síria sai vitoriosa de batalha

A oposição ao regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, seu regime joga as últimas cartas. O regime, que enfrenta uma revolta armada, considera que a guerra na Síria é o resultado de um complô contra seu país.

Beirute - O presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que a Síria "saiu vitoriosa da batalha" e que a oposição a seu regime "joga as últimas cartas", segundo declarações citadas por um jornal libanês. Segundo a ONU, cerca de 70 mil pessoas morreram no conflito sírio, que neste mês completará dois anos.

"A conspiração chega ao fim", disse, de acordo com o jornal pró-Irã Al-Akhbar, que cita fontes árabes que se reuniram recentemente com o chefe de Estado. Estas fontes contaram que Assad parecia "muito cômodo".



"Aconteceram êxitos significativos e sua importância estratégica é clara, inclusive para os que que elaboram planes irrealizáveis contra a segurança da Síria", afirmaram as mesmas fontes, também de acordo com o jornal. De acordo com o Al-Alkhbar, o presidente sírio destacou que "as contradições dentro da oposição no exílio eram a prova de seu fracasso". O regime, que enfrenta uma revolta armada, considera que a guerra na Síria é o resultado de um complô contra seu país.

No entanto, na véspera da publicação destes comentários os rebeldes alcançaram uma importante vitória ao tomar a cidade de Raqa (norte), capital da província homônima, e capturar seu governador, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Um vídeo gravado por rebeldes e divulgado nesta terça-feira pelo OSDH mostra o governador de Raqa, Hasan Jalili, sentado em meio a insurgentes ao lado de Suleiman Suleiman, o secretário-geral provincial do partido Baath, no poder na Síria. "A única coisa que queremos é nos livrar do regime", afirma no vídeo um rebelde não identificado voltando-se para os detidos, sentados em silêncio com trajes escuros e camisas azuis celestes. A autenticidade do vídeo não pôde ser confirmada até o momento.

"É um dos dirigentes do regime de maior escalão capturado pelos rebeldes" desde o início do conflito, em março de 2011, afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH, uma ONG que conta com uma rede de informantes no país.

"Raqa sofreu muito pela corrupção do governador", considerou. Os insurgentes conquistaram na segunda-feira a maior parte dos bairros de Raqa, mas as tropas e os milicianos pró-regime opuseram resistência durante a noite perto da sede dos serviços de inteligência militar, acrescentou a fonte.

"Há reforços do exército a caminho de Raqa. Veremos se poderão chegar à cidade ou não", disse Rahman.

O jornal pró-regime Al-Watan, por sua vez, descreveu o ocorrido em Raqa como a prova de como "o terrorismo se estende" na cidade. "O exército e as forças de segurança estão travando intensas batalhas na cidade de Raqa, onde milhares de homens armados chegaram" do campo, escreveu o jornal.

"Homens armados estão saqueando casas e instituições privadas e públicas, aproveitando o caos", acrescentou.

Antes do conflito, Raqa tinha 240 mil habitantes. Mas cerca de 800 mil deslocados internos, procedentes de outras regiões do país, encontraram refúgio nesta localidade nos últimos meses, por ser uma das mais tranquilas.

Por outro lado, explodiram confrontos nos focos de resistência rebeldes em Homs, no centro da Síria, informou o OSDH, no terceiro dia de um ataque do exército e das milícias pró-regime para reconquistar os enclaves rebeldes da cidade, conhecida como "a capital da revolução".

Um ativista na cidade velha de Homs, bastião rebelde atacado pelo exército há oito meses, disse que havia muitas baixas nos dois grupos. "É um dilúvio de balas. Tudo está em chamas na cidade velha", descreveu este militante, que diz se chamar Abu Bilal.