Cazaquistão, 27 Fev 2013 (AFP) - As grandes potências do grupo 5%2b1 e o Irã encerraram nesta quarta-feira (27/2) dois dias de negociações no Cazaquistão sobre o programa nuclear iraniano, concluídas com alguns sinais "positivos". Os países voltarão a se reunir em março e em abril.
A reunião desta quarta-feira (27/2) entre o grupo 5%2b1 - os cinco países do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) mais a Alemanha - e o Irã durou mais de uma hora.
Na última terça-feira (26/2), a primeira reunião entre os negociadores durou quase de três horas e foi qualificada de "útil" por fontes ocidentais e russas.
"Nós decidimos manter uma reunião de especialistas em Istambul em 18 de março, que será seguida por uma reunião entre os países do grupo 5%2b1 e o Irã em 5 e 6 de abril em Almaty", no Cazaquistão, declarou o negociador iraniano Said Jalili em coletiva de imprensa após o dia de debates.
Questionado em Teerã sobre esta nova rodada de negociações, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad considerou "um bom acordo", na medida em que "é melhor negociar do que brigar".
O secretário de Estado americano, John Kerry, indicou por sua vez que as discussões em Almaty foram "úteis". "Esperamos que o Irã analise com seriedade as propostas críveis e de natureza a estabelecer a confiança que o Grupo 5%2b1 colocou sob a mesa", declarou durante uma vista a Paris.
O ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, em Viena, disse estar "muito otimista" sobre as negociações futuras, qualificando a reunião de Almaty de "momento-chave".
O grupo 5%2b1 fez uma nova proposta ao Irã que contempla "uma redução de certas sanções sobre o comércio de ouro a indústria petroquímica e bancos" em troca de concessões de Teerã.
"Estabelecer a confiança"
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, expressou o desejo de que o Irã responda "positivamente" às "propostas; realizadas pelas grandes potências. "Espero que a parte iraniana olhe de maneira positiva a oferta que acabamos de fazer. Esta proposta tem o objetivo de estabelecer a confiança e permitir o avanço" das negociações, declarou Ashton durante uma coletiva de imprensa.
O negociador iraniano reconheceu que as grandes potências "tentaram aproximar seus posicionamentos aos do Irã em alguns aspectos, o que consideramos muito positivo". Sem embargo, ele reafirmou que seu país não fechará a usina de enriquecimento de urânio de Fordo, escondida numa montanha e de difícil acesso.
Mas também repetiu que o Irã "tem direito" a "enriquecer urânio a 5% ou a 20%". "Fazemos enriquecimento segundo nossas necessidades", assegurou.
Durante a reunião agendada para Istambul, "os especialistas das duas partes deverão analisar como as iniciativas recíprocas devem ser conduzidas para que sejam equilibradas", considerou Jalili.
A oferta do grupo 5%2b1, ainda que contemple um alívio nas sanções, renova a demanda feita ao Irã de que "interrompa o enriquecimento a 20%, feche a usina de Fordo e envie o estoque de urânio enriquecido" para fora do país.
O grupo 5%2b1 teme que a médio prazo, graças a suas reservas de urânio e à tecnologia acumulada, o Irã fabrique urânio enriquecido a 90%, o que permitiria a fabricação de uma bomba atômica.
O Conselho de Segurança da ONU condenou o programa nuclear iraniano seis vezes. Quatro destas incluíram sanções.
Os Estados Unidos e os países da União Europeia também decidiram em 2012 uma série de sanções contra os setores de energia e bancário do Irã, o que reduziu em 40% as receitas petrolíferas do país e impediu todas as transações bancárias com o mundo exterior.
O último ciclo de negociações foi em junho de 2012 em Moscou, quando Teerã apresentou suas próprias propostas pedindo o reconhecimento de seu direito de enriquecimento de urânio.
O Irã garante que enriquece urânio apenas para uso civil: até 5% para produção de energia elétrica e até 20% para alimentar o laboratório de investigação médica.
Em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez um apelo nesta quarta-feira à comunidade internacional para "reforças suas sanções contra o Irã e esclarecer que em caso de prosseguimento de seu programa nuclear, haverá sanções militares".
Em Washington, um reforço das sanções está em preparação no Congresso para autorizar o presidente dos Estados Unidos a infligir sanções contra pessoas que fornecem ao Irã bens necessários para o funcionamento da economia iraniana.