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Relembre casos de controvérsias e escândalos do papado de Bento XVI

Cidade do Vaticano - Bento XVI deixará de ser Papa nesta quinta-feira (27/2), às 19h GMT (16h de Brasília), quando sua histórica renúncia se tornará efetiva após oito anos de um pontificado no qual precisou encarar enormes escândalos e controvérsias.

A seguir, alguns desses escândalos:

- O nazismo e a Alemanha (Auschwitz, maio de 2006): durante sua peregrinação ao campo de extermínio de Auschwitz, Bento XVI atribuiu a responsabilidade dos crimes do nazismo a um grupo de criminosos que abusaram do povo alemão para se servir dele "como instrumento de sua sede de destruição e de dominação". Esta frase na boca do Papa, de origem alemã, com a qual parece eximir seu povo, criou polêmica.

- O Islã e a violência (discurso de Ratisbona, setembro de 2006): o tema da conferência do Papa em uma universidade bávara se concentra nos vínculos entre a fé e a razão. Mas a citação de um imperador bizantino do século XII sobre os laços do Islã e a violência provocou uma onda de indignação no mundo muçulmano. Esta crise levou Bento XVI a multiplicar seus chamados ao diálogo entre as religiões, "respeitando suas diferenças".

- Povos autóctones e conversão (Brasil, maio de 2007): durante sua viagem ao Brasil, o Papa afirmou que a evangelização dos povos autóctones da América "não levou em nenhum momento a uma alienação das culturas pré-colombianas e não impôs uma cultura estrangeira", guardando silêncio sobre os massacres que acompanharam a evangelização da América. Dez dias depois, após a polêmica levantada por suas declarações, Bento XVI evocou os sofrimentos e injustiças daqueles povos durante a conquista do continente.

[SAIBAMAIS]- Aborto e política (Brasil, maio de 2007): a bordo de um avião que o levava ao Brasil, o Papa justificou as ameaças de excomunhão de certos bispos contra os políticos que legalizam o aborto. O presidente Luiz Inacio Lula da Silva, hostil ao aborto como cidadão, ressaltou que deveria responder "como chefe de Estado" a um problema de saúde pública.



- Missa em Latim e Vaticano II (julho de 2007): Bento XVI liberalizou por decreto papal a missa em latim, ou Missa Tridentina, de acordo com a liturgia romana anterior à reforma do Concílio Vaticano II, dando andamento à reivindicação dos católicos tradicionais, o que inquietou os progressistas dentro da Igreja. O Papa afirmou que o Concílio Vaticano II contribuiu para a continuidade da história da Igreja Católica, embora os progressistas o interpretem como uma ruptura.

- Integrismo e negacionismo (janeiro de 2009): um decreto papal levanta a excomunhão de quatro bispos integristas, dos quais um, o britânico Richard Williamson, manteve publicamente posturas negacionistas do Holocausto dos judeus pelos nazistas. Esta decisão gerou uma enorme controvérsia, assim como profundas tensões com o mundo judeu e mal-estar com parte dos católicos, o que obrigou o Vaticano a se retificar.

- O preservativo e a Aids (março de 2009): em um avião que o levava à África, o Papa declarou que não era possível resolver o problema da Aids (...) com a distribuição de preservativos, que, "pelo contrário, agravavam o problema". A indignação por estas declarações foi geral, desde os responsáveis políticos até representantes de associações civis.

- Pio XII (dezembro de 2009): Bento XVI proclama venerável o papa Pio XII, questionado por seu silêncio durante o Holocausto perpetrado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, o que provocou fortes protestos das comunidades judaicas de Berlim e Roma, entre outras.

- Pedofilia (início de 2010): a revelação da magnitude dos casos de pedofilia no clero irlandês, conhecida durante o outono boreal de 2009, a qual se somaram novas revelações em diversos países da Europa, assim como nos Estados Unidos, começaram a salpicar o Papa com artigos na imprensa alemã e americana que questionavam seu silêncio e inação diante destas denúncias.

Lobby gay: As escandalosas denúncias, publicadas pelos meios de comunicação da Itália, ofuscaram a última semana do pontificado. Segundo estas publicações, o Papa decidiu renunciar ao cargo depois de receber um relatório ultrassecreto de 300 páginas, preparado por três cardeais veteranos, que descreve as lutas na Cúria Romana pelo poder e pelo dinheiro, assim como o sistema de chantagens internas baseadas nas fraquezas sexuais, o chamado "lobby gay" do Vaticano, o que foi desmentido oficialmente e com firmeza pela hierarquia da Igreja.