No entanto, a imprensa italiana também falava nesta terça-feira da possibilidade de uma grande coalizão entre a esquerda de Bersani, a direita de Berlusconi e o centro do primeiro-ministro atual, o tecnocrata Mario Monti, que ficou em quarto, com apenas 10% dos votos. "Estão acabados, tanto a esquerda quanto a direita. Bersani e Berlusconi ficaram 25 anos, levaram o país à catástrofe, eles são o problema", disse Beppe Grillo.
O humorista, chamado de populista e demagogo, não se apresentou como candidato devido a uma condenação por homicídio em 1980 em um acidente de carro no qual três pessoas morreram. A inquietação dos sócios da Itália não demorou a aparecer.
O ministro das Relações Exteriores do governo conservador alemão, Guido Westerwelle, convocou nesta terça-feira a Itália a se dotar rapidamente de um governo estável, para prosseguir com a política de reformas "pelo bem de toda a Europa". Mas o ministro da Recuperação Industrial do governo socialista francês, Arnaud Montebourg, opinou que os italianos "disseram que não estavam de acordo com a política imposta pelos mercados".
O ministro espanhol da Economia, Luis de Guindos, admitiu, por sua vez, que a situação da Itália tem um impacto inegável nos mercados, e torce para que esta seja de curta duração. "É evidente que o país atravessa uma situação muito delicada", declarou Bersani, assegurando que o resultado "será administrado levando-se em conta os interesses da Itália". "Votamos o Parlamento mais ingovernável de nossa história", resumiu o jornal La Stampa ao analisar os resultados das eleições, realizadas no domingo e na segunda-feira. "O país com mais necessidade de estabilidade não terá um governo estável por alguns meses", comentou James Waltson, professor de relações internacionais na American University de Roma.