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Ex-chefe do FMI tenta impedir livro sobre suposta relação com autora

Dominique Strauss-Kahn estuda também processar tanto a escritora, quanto a editora em 100 mil euros. No entanto, no país, uma decisão judicial para que uma publicação seja suspensa é rara

Paris - O ex-diretor-geral do FMI Dominique Strauss-Kahn vai pedir que a justiça francesa suspenda a publicação do livro Belle et bête (A bela e a fera, tradução livre), que fala sobre o envolvimento de Strauss-Kahn com a autora da obra. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (25/2) pelos advogados de DSK.

A solicitação de impedimento do livro, que deve chegar às livrarias francesas nesta quarta-feira (27/2), será assunto de uma audiência nesta terça-feira (26/2). Strauss-Kahn acusa a escritora Marcela Iacub e sua editora, Stock, por "atentado à intimidade da vida privada". Ele pede a inserção de um encarte em cada um dos exemplares da obra e, "a título subsidiário", o recolhimento do livro. Na França, uma decisão judicial de suspensão de um livro é rara.

Ele pede também que Marcela Iacub, a editora Stock e a revista Nouvel Observateur - que publicou um artigo sobre o livro na semana passada - paguem uma indenização de 100.000 euros. O ex-chefe do FMI também pede que uma publicação judicial cubra a integralidade da capa da revista, afirmaram os advogados.

Marcela Iacub, jurista, ensaísta e cronista do jornal Libération, afirma ter se relacionado com DSK de janeiro a agosto de 2012. Mesmo que o ex-ministro francês não seja mencionado explicitamente no livro, Iacub confirmou em entrevista à revista Nouvel Observateur que o livro faz referência a Dominique Strauss-Kahn, reconhecendo também que a obra mistura realidade e ficção.



[SAIBAMAIS]No livro, em que ela não hesita em usar uma linguagem cria, a autora chama o personagem principal de "ser dúbio, meio homem, meio porco". Segundo ela, o termo "porco" não é de forma alguma pejorativo. O ex-líder do FMI falou sobre seu "desgosto" em relação ao livro, enquanto sua esposa - de quem separou-se recentemente -, a jornalista Anne Sinclair, falou que a história é "mentirosa".

Considerado durante muito tempo como favorito às eleições presidenciais francesas em 2012, Strauss-Kahn renunciou ao cargo mais importante do Fundo Monetário Internacional e às suas ambições políticas após ter sido acusado, em 2011, de assediar a camareira do quarto do hotel onde estava hospedado, em Nova York. Depois que as acusações foram retiradas, DSK e a camareira chegaram a um acordo financeiro no final do ano passado.

Na França, Strauss-Kahn, 63 anos, é atualmente investigado por seu possível envolvimento em uma rede de prostituição.