Havana - O primeiro-ministro da Rússia, Dimitri Medvedev, conversou com o líder cubano Fidel Castro e presenciou a assinatura de 10 acordos bilaterais, incluindo um que regulariza a dívida cubana com a antiga União Soviética, no contexto de sua visita de dois dias à ilha.
Na presença de Medvedev, os delegados de ambos países, velhos aliados durante a Guerra Fria, também assinaram na quinta-feira convênios para o aluguel de três aviões civis Antonov-158 à ilha, o fornecimento de partes e reposição de peças de aeronaves, cooperação espacial com fins pacíficos, medicina nuclear, alfândegas e educação, segundo fontes cubanas.
Não foram divulgados detalhes do acordo sobre a dívida cubana com a ex-União Soviética, de 20 a 30 bilhões de dólares, que havia sido um obstáculo para a normalização das relações entre Moscou e Havana. "Assinamos alguns documentos úteis e importantes", disse Medvedev nesta sexta-feira, após colocar uma oferenda de flores em um antigo cemitério militar soviético perto de Havana, acompanhado do presidente Raúl Castro.
Medvedev, que faz uma visita de dois dias à ilha, teve na noite de quinta-feira um encontro com Fidel Castro, de 86 anos, aposentado do poder desde 2006 por problemas de saúde. "Em um ambiente fraternal e amistoso, Fidel e Medvedev conversaram sobre as impressões da visita à Cuba do dirigente russo, a assinatura dos importantes convênios e acordos entre ambos países", apontou um comunicado oficial nesta sexta-feira.
Durante o encontro ainda foram abordados "outros tópicos das relações internacionais, como a situação alimentar mundial e os perigos a que está submetida a humanidade pelo aumento dos preços, assim como os efeitos nocivos que está sofrendo o meio ambiente e a dramática ameaça que implica as mudanças climáticas", acrescentou.
[SAIBAMAIS]Medvedev esteve com Raúl Castro no Mausoléu ao Soldado Internacionalista Soviético, onde estão as tumbas de 67 militares soviéticos mortos nos anos 60 (em acidentes ou por doenças), que integravam uma brigada que permaneceu na ilha durante vários anos após a crise dos mísseis de 1962.
O cemitério está ao lado da antiga base de escutas eletrônicas de Lourdes, que foi fechada há uma década e que era uma das principais bases de espionagem soviética no exterior. Lá agora funciona uma universidade. Havana e Moscou vêm estreitando seus laços desde 2005 após um distanciamento logo da desintegração da União Soviética, em 1991.
A Rússia que, durante três décadas foi o principal parceiro sócio-econômico da ilha, ocupa agora o nono lugar entre os países com maiores trocas comerciais com Cuba, com 224 milhões de dólares em 2011.
Há algumas semanas, a companhia russa Zarubezhneft iniciou perfurações petrolíferas no mar ao norte da ilha com a plataforma Songa Mercur, de propriedade norueguesa, logo de três tentativas fracassadas realizadas no ano passado por outras empresas estrangeiras com a plataforma Scarabeo 9.
Estas explorações são cruciais para a ilha, que produz menos da metade do petróleo que consome, de poços em terra e em águas pouco profundas. Cuba ainda importa 100.000 barris diários de petróleo bruto da Venezuela, que seu aliado o presidente Hugo Chávez lhe fornece com facilidades de pagamento.
Em novembro, Cuba e Rússia assinaram um acordo para fortalecer a cooperação econômica e científica durante uma visita à Havana do ministro russo de Indústria e Comércio, Denis Manturov. Em julho de 2012, Raúl Castro visitou Moscou durante um giro que também o levou a China e ao Vietnã.