Boston - A Nasa, universidades e grupos privados dos Estados Unidos estão mobilizados para desenvolver sistemas de alerta capazes de localizar com a maior antecedência possível pequenos asteroides potencialmente devastadores como o que caiu na sexta-feira passada (15/2) na Rússia.
A agência espacial americana destacou, no entanto, que um fenômeno deste tipo continua sendo raro: "Um incidente desta amplitude só ocorre, em média, uma vez a cada 100 anos", revelou Paul Chodas, um dos encarregados do programa da Nasa para a detecção de Objetos Próximos da Terra (NEO, na sigla em inglês).
A Nasa avalia que antes de sua entrada na atmosfera sobre a Rússia, este asteroide tinha 17 metros de diâmetro e massa de dez toneladas. O impacto dos fragmentos do meteorito deixou mais de mil feridos e provocou uma explosão similar à de 500 mil toneladas de TNT. "O programa da Nasa se concentra nos últimos anos na detecção de pequenos asteroides e vários progressos foram alcançados", revelou recentemente Lindsey Johnson, diretor do programa NEO.
Segundo este especialista, "há dez anos não teríamos podido detectar o 2012 DA14", asteroide de 45 metros de diâmetro que passou raspando pela Terra também na sexta-feira e, caso caísse no nosso planeta, teria provocado grande destruição. Johnson lembrou que estes objetos são numerosos no entorno do nosso planeta, cerca de 500.000, enquanto é difícil acompanhá-los devido à seu tamanho pequeno.
[SAIBAMAIS]De acordo com uma meta fixada pelo Congresso americano em 1998, a Nasa descobriu e classificou cerca de 95% dos asteroides com mais de 1 km de diâmetro que estão nas proximidades da órbita terrestre, ao redor do sol, capazes de provocar destruições apocalípticas.
Vigilar os pequenos objetos
Atualmente o NEO detecta e acompanha asteroides e cometas que passam perto da Terra com a ajuda de telescópios no solo, assim como orbitais. Então, os cientistas calculam sua massa e sua órbita para determinar se representam perigo.
Através desse sistema, o radiotelescópio Arecibo em Porto Rico, com uma antena de 305 metros de diâmetro, é possível observar com grande sensibilidade um terço da abóbada estrelada e detectar asteroides grandes o suficiente. Todas as observações de asteroides realizadas no mundo por telescópios, inclusive amadores, devem ser transmitidas ao "Minor Planet Center", financiado pela Nasa e dirigido pelo Observatório Astrofísico Smithsonian e por conta da União Astronômica Internacional.
No entanto, a Nasa se esforça também em um contexto de ajustes orçamentários em desenvolver outros sistemas capazes de acompanhar especificamente objetos pequenos. Neste sentido, a agência americana financia com cinco milhões de dólares um projeto na Universidade do Havaí denominado Atlas (Asteroid Terrestrial-Impact Alert System).
Segundo os cientistas, o Atlas, que perscrutará todo o céu visível todas as noites, poderá detectar objetos de 45 metros de diâmetro uma semana antes de seu impacto na Terra. Para os asteroides de 150 metros de diâmetro, este sistema, que poderá funcionar no final de 2015, ofereceria um alerta com três semanas de antecipação.
"Nosso objetivo é encontrar estes objetos e proporcionar um alerta precoce o suficiente para tomar medidas de urgência de proteção da população", explicou John Tonry, principal encarregado científico do projeto.
No entanto, os esforços da Nasa são considerados insuficientes por alguns antigos astronautas da agência e por cientistas que lançaram um projeto em 2012 com o objetivo de financiar, construir e lançar o primeiro telescópio espacial privado para acompanhar os asteroides e "proteger a humanidade".
A fundação B612 tenta arrecadar 450 milhões de dólares para construir e deslocar um telescópio espacial que será posto em órbita ao redor do sol, a 273 milhões de quilômetros da Terra, para descobrir a maioria destes objetos ainda visíveis.