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Atentado contra xiitas mata ao menos 52 e fere 200 pessoas no Paquistão

Artefato foi detonado à distância, em Hazara, onde há maioria xiita



"O edifício-alvo da bomba desmoronou, e pessoas estão presas debaixo dos destroços", informou à AFP o secretário encarregado dos assuntos internos da região, Akbar Hussain Durrani, anunciando que mulheres e crianças fazem parte das vítimas. Após o atentado, uma multidão enfurecida lançou pedras contra a polícia, acusada de não proteger os xiitas, de acordo com testemunhas.

O atentado foi reivindicado pelo Lashkar-e-Jhangvi, grupo armado sunita fundado nos anos 1990 e proibido oficialmente no Paquistão, o que não o impede de cometer crimes violentos. Este movimento armado reivindicou também, no mês anterior, o ataque mais mortífero contra a comunidade xiita no Paquistão: um atentado suicida duplo en frente ao clube de bilhar de Quetta, que resultou na morte de 80 xiitas.

Os episódios de violência contra a minoria xiita, julgada herética por alguns grupos sunitas extremistas, multiplicaram-se nos últimos anos no Paquistão, principalmente no Baluchistão, que faz fronteira com o Irã e o Afeganistão.

De acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW), mais de 400 xiitas foram mortos no Paquistão em 2012, ano mais sangrento para esta comunidade na história do país. Após o atentado de 10 de janeiro, a HRW denunciou "a covardia e a indiferença das autoridades", inclusive do Exército e dos serviços de segurança, diante destes "massacres a sangue frio".

Alguns observadores estimam que estes episódios de violência sectária são apoiados por países como a Arábia Saudita (sunita) e o Irã (xiita), exportando assim, suas rivalidades religiosas ao Paquistão. Além da violência religiosa, uma insurreição explodiu em 2004 no Baluchistão para exigir a autonomia política e uma melhor divisão das receitas provenientes da exploração dos recursos naturais da região.