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AIEA não alcança acordo com Irã para verificação de programa nuclear

Agência Internacional de Energia Atômica planejava examinar a dimensão militar do projeto iraniano

Viena - A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não conseguiu chegar a um acordo com o Irã para verificar seu programa nuclear, poucos dias antes da retomada das negociações entre Teerã e as grandes potências sobre o mesmo tema.

"Debatemos sobre uma aproximação estruturada, mas não foi possível concluir o documento" que permitiria examinar a possível dimensão militar do programa nuclear iraniano, declarou nesta quinta-feira o chefe dos inspetores, Herman Nackaerts, em seu retorno de uma viagem à República Islâmica.

"Ainda não entramos em acordo sobre uma data para a próxima reunião", acrescentou o inspetor no aeroporto de Viena. A AIEA quer assinar um acordo global que permita aos especialistas da ONU investigar livremente o programa nuclear iraniano, diante da suspeita de que ele tem fins militares, o que Teerã nega categoricamente.

[SAIBAMAIS]Na quarta-feira (13/2), o representante iraniano na AIEA, Ali Ashgar Soltanieh, havia afirmado que foram registrados avanços nas negociações. "Divergências foram solucionadas e foi alcançado um acordo sobre certos pontos das modalidades" que devem ser aplicadas, declarou, segundo a agência Isna.



Ao ser interrogado sobre estes possíveis progressos, Nackaerts contestou: "Isto faz parte das negociações". "É difícil fazer comentários a respeito", acrescentou. "Nosso compromisso para seguir dialogando é inquebrantável", garantiu. "Nós trabalharemos intensamente para solucionar as divergências que ainda existem", acrescentou.

Por sua vez, no dia 26 de fevereiro serão retomadas as negociações entre o Irã e as grandes potências. A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, expressou na quarta-feira perante a ONU sua esperança de que Teerã mostre flexibilidade nestas negociações sobre seu programa nuclear em Almaty.

O Irã e o grupo das grandes potências (o chamado grupo 5%2b1) sobre o programa nuclear iraniano se reunirão no dia 26 de fevereiro em Almaty, no Cazaquistão, depois de meses de interrupção e do fracasso de encontros em Istambul, Bagdá e Moscou. Ashton lidera estas negociações pelo 5%2b1, ou seja: os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China) e a Alemanha.

As grandes potências suspeitam que a República islâmica quer se dotar de armas atômicas sob a alegação de um programa civil. A ONU e as potências ocidentais impuseram ao Irã uma série de sanções. O Irã desmente as acusações das potências ocidentais sobre um possível uso militar de seu programa nuclear e afirma enriquecer urânio para produzir eletricidade e isótopos médicos, que são utilizados para diagnosticar certos tipos de câncer.