O Papa presidiu a 346; audiência geral de seu pontificado, a penúltima, com milhares de peregrinos de todas as nacionalidades, entre eles muitos latino-americanos, que o aplaudiram várias vezes. Como é habitual durante estes encontros semanais, o Papa saudou em vários idiomas, incluindo o português, diante de vários peregrinos brasileiros. O Papa prosseguirá suas atividades durante a tarde, presidindo a missa da Quarta-Feira de Cinzas na basílica de São Pedro na companhia de diversos cardeais e bispos da Cúria Romana.
Até o momento, o pontífice não cancelou nenhum dos compromissos previstos para fevereiro. A cerimônia desta quarta-feira, que costuma ocorrer na basílica de Santa Sabina, na colina romana do Aventino, foi transferida pelo Vaticano para São Pedro pelo desejo de diversos cardeais de acompanhar a missa. "Muitos fiéis querem vir, muitos cardeais disseram que queriam participar. Santa Sabina ficou muito pequena", explicou o padre Lombardi. Na quinta-feira, o Papa conversará com os sacerdotes de Roma para uma catequese programada.
Entre suas últimas intervenções públicas confirmadas, figura o tradicional Ângelus do domingo, depois do qual Bento XVI se retirará para uma semana de exercícios espirituais coincidindo com a Quaresma. Na quarta-feira dia 27 de fevereiro, um dia antes de sua renúncia, o Papa dirá adeus aos fiéis na Praça de São Pedro, onde é esperada a presença de milhares de pessoas. A cerimônia será transmitida ao vivo por meios de comunicação de todo o mundo. Enquanto isso, a imprensa analisa a vida e os milagres dos candidatos a suceder Bento XVI.
Analistas ressaltam o fato de que em novembro, quando Bento XVI designou o último grupo de cardeais, entregou o título a seis novos membros, entre os quais não havia italianos ou europeus, o que foi interpretado como o desejo do pontífice de equilibrar o Colégio Cardinalício, dominado por europeus. Entre os candidatos a futuro Papa, figura o cardeal hondurenho Oscar Rodríguez Maradiaga, presidente da Caritas, que não se considera apto para o cargo. "É um trabalho implacável, não sou adequado", confessou em uma entrevista ao jornal italiano La Stampa.
O veterano cardeal português José Saraiva Martins considerou que o escândalo do ano passado pelo vazamento de documentos internos e confidenciais e a traição de seu mordomo, Paolo Gabriele, "podem ter influenciado na decisão" do pontífice. A imprensa italiana também revela que o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, e o secretário privado do Papa, Georg Ganswein, foram informados da decisão há 15 dias.