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Ofensiva rebelde generalizada contra aeroportos na Síria

Os rebeldes capturaram, mataram ou feriram mais de quarentas soldados

DAMASCO - Os rebeldes assumiram o controle de uma importante base aérea perto da cidade de Raqa, no norte da Síria, como parte de uma ofensiva generalizada para controlar os aeroportos e reforçar o domínio nesta região.

Enquanto o regime se mantém na defensiva, partidários do chefe de Estado Bashar al-Assad convocaram uma grande manifestação na próxima terça-feira em uma das principais praças de Damasco com o tema "resistência contra o terrorismo", indicaram os organizadores.

[SAIBAMAIS] "Rebeldes de vários batalhões islamitas" tomaram o controle do aeroporto militar de Al-Jirah, na estrada entre Raqa e Aleppo, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Os rebeldes capturaram, mataram ou feriram mais de quarentas soldados. Entre os islamitas, cinco morreram. "O resto das tropas fugiram do aeroporto, abandonando vários aviões de combate e munições", declarou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.



Uma fonte militar em Aleppo confirmou o avanço dos rebeldes, "após mais de 48 horas de combates". Segundo esta fonte, "é um pequeno aeroporto" que foi esvaziado, sobrando apenas "pequenas quantidades de munições inutilizáveis e alguns aviões quebrados". "Vasto ataque contra os aeroportos"

Em um vídeo difundido no YouTube, os combatentes islamitas do Ahrar al-Sham indicaram sua participação na tomada do aeroporto de Kachich, ao lado de outras duas unidades rebeldes.

As imagens mostram caixas de munições e aviões militares estacionados na pista de pouso, entre eles dois MiG, enquanto o cinegrafista afirma "os aviões MiG estão nas mãos do Ahrar al-Sham".

É a primeira vez que aviões militares deste tipo caem nas mãos dos rebeldes desde o início do conflito na Síria, em março de 2011. Recentemente, os rebeldes tomaram um pequeno aeroporto militar na província de Damasco, assim como o de Taftanaz, na província de Idleb (noroeste).

Esta última conquista ocorre no momento em que vários batalhões islamitas anunciaram em um comunicado "o início ao amanhecer de um vasto ataque contra os aeroportos civis de Aleppo e militar de al-Nairab". "Os combatentes rebeldes no norte concentram seus ataques contra os aeroportos e postos militares", afirmou à AFP o jornalista militante Abu Hicham.

"Eles são uma fonte constante de munições e outros bens, e (...) sua tomada impede o uso de caças de combate para bombardear-nos", declarou Abu Hisham via internet.

Neste contexto, os defensores de Assad querem mostrar seu apoio ao chefe de Estado. "Nós queremos mostrar que o povo sírio está unido e não será dividido", indicou à AFP Zahra Osman, de 23 anos, do grupo "Unimo-nos". Após uma explosão mortal na segunda-feira em um posto de fronteira entre a Turquia e a Síria, o primeiro-ministro turco indicou se tratar de uma bomba.

Recep Tayyip Erdogan insistiu que seu país "irá tomar as medidas necessárias, sem hesitação", quando o ataque for "completamente esclarecido". A imprensa turca suspeita que os serviços secretos sírios estejam envolvidos.

Além disso, um ministro sírio adjunto das Relações Exteriores, Faisal Meqdad, expressou a esperança de que a nova administração americana mude a sua posição sobre o conflito que abala a Síria há quase dois anos.

Os dois anos de crise tiveram um custo exorbitante. O ministro sírio da Eletricidade, Imad Khamis, disse que os apagões "causados por atos de sabotagem", segundo ele, resultaram em 2,2 bilhões de dólares em perdas para a economia.