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Polícia reforça segurança no centro da Tunísia por medo de novos protestos

Partidos políticos convocam greve no país um dia após líder opositor ser assassinado. Outro integrante da oposição diz que está em uma lista de políticos a serem 'eliminados'

Tunes - A polícia mobilizou nesta quinta-feira (7/2) um importante dispositivo de segurança no centro da Tunísia após o assassinato na véspera de um líder opositor e de manifestações contra o poder islamita, que o primeiro-ministro tentou apaziguar anunciando a formação de um novo governo.

Quatro partidos políticos convocaram uma greve geral para sexta-feira, dia do funeral de Chokri Belaid, assassinado a tiros na quarta-feira na capital tunisiana. No entanto, a poderosa central sindical UGTT - cuja capacidade de mobilização é importante - ainda não se pronunciou a respeito.

Embora os partidos de oposição e os sindicatos não tenham convocado manifestações para esta quinta-feira, os observadores destacam que os protestos da véspera foram numerosos e espontâneos, estimulados pelas acusações de pessoas próximas de Belaid que alegavam que o poder islamita estava por trás do assassinato. Estes distúrbios deixaram um morto entre os policiais, e várias sedes do partido islamita Ennahda - que dirige o governo após as eleições de outubro de 2011 - foram incendiadas ou saqueadas por manifestantes em várias regiões do país.

[SAIBAMAIS]Na manhã desta quinta-feira, o grande dispositivo policial estava centrado na avenida Habib Bourguiba, palco dos confrontos na véspera, assim como local emblemático da revolução de janeiro de 2011, que derrubou o regime de Zine El Abidine Ben Ali. Ônibus, caminhonetes e furgões policiais foram mobilizados e a circulação foi proibida em torno do ministério do Interior.



A imprensa tunisiana temia nesta quinta-feira que o assassinato de Chokri Belaid - homem de esquerda, crítico dos islamitas - afundasse o país em um círculo de violência, embora espere que a formação de um novo governo ajude a desativar as tensões. Este assassinato, que tem claramente o caráter de assassinato político, não tem precedentes na história moderna da Tunísia, destacava a imprensa. Mas os meios de comunicação consideraram positiva, em geral, a decisão do primeiro-ministro islamita, Hamadi Jebali, de formar um novo governo de tecnocratas "até que sejam realizadas eleições, o quanto antes".

Jebali não forneceu, no entanto, nenhuma data para a formação do novo governo. Além disso, nem seu partido, dividido entre uma ala moderada representada pelo primeiro-ministro e outra radical, nem seus aliados laicos, entre eles o Congresso para a República (CPR) do presidente Moncef Marzouki, reagiram até o momento ao anúncio de remodelar o executivo. Vozes da oposição também se levantaram para exigir a dissolução da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), que há 15 meses não consegue redigir uma Constituição devido à ausência de consenso de dois terços dos deputados.

"O governo já não é capaz de dirigir o país, nem a ANC. Devem renunciar no interesse do povo, da Tunísia e de sua estabilidade", declarou à rádio Beji Caid Essebsi, que dirigiu um governo pós-revolucionário em 2011 e que agora lidera o partido de oposição laico e centrista Nidaa Toun;s. Os sindicatos de advogados, de magistrados e da procuradoria, assim como os professores da principal universidade tunisiana, La Manouba, nos arredores da capital, anunciaram que estarão em greve a partir desta quinta-feira.

Há meses, este país do norte da África sofre violências políticas e sociais, em um contexto de esperanças frustradas após a revolução de 2011. Nos últimos meses, partidos de oposição e sindicalistas acusaram milícias pró-islamitas de ataques contra opositores. Algumas milícias próximas ao Ennahda foram acusadas de orquestrar ataques contra a oposição, entre eles o assassinato de um opositor mortalmente espancado por manifestantes.

Um opositor, chefe do Partido Republicano (centro) tunisiano, Ahmed Nejib Chebbil, declarou nesta quinta-feira que "figurava em uma lista de personalidades que deveriam ser assassinadas" e que se beneficiava de proteção oficial, em uma entrevista à rádio francesa RTL. "Sou ameaçado. O ministério do Interior me informou oficialmente há quatro meses que estava em uma lista de personalidades a assassinar. O presidente me concedeu guarda-costas há três ou quatro meses", disse Chebbi, cujo partido se opõe aos islamitas no poder.