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Manifestantes protestam contra morte de líder opositor na Tunísia

Tunisianos chegaram a saquear e incendiar sedes do Ennahda, partido islamita no poder do governo

Tunes - Um líder da oposição tunisiana, Chokri Belaid, foi assassinado a tiros na manhã desta quarta-feira (6/2) na Tunísia, provocando protestos em todo o país e ataques a sedes do partido islamita no poder, o Ennahda, acusado do crime por pessoas próximas ao opositor.



A polícia reagiu lançando bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes de Sidi Bouzid. O irmão da vítima acusou imediatamente o partido islamita Ennahda de ser responsável pelo assassinato. "Acuso (o chefe do Ennahda) Rached Ghannouchi de ter ordenado assassinar meu irmão", declarou Abdelmajid Belaid. A esposa do opositor declarou a uma rádio local que seu marido foi baleado duas vezes quando saía de casa.

Chokri Belaid, de 48 anos, líder da oposição de esquerda e muito crítico com o governo atual, se uniu a uma coalizão de partidos, a Frente Popular, que se apresenta como uma alternativa ao poder. O primeiro-ministro islamita, Hamadi Jebali, denunciou imediatamente o assassinato, que classificou de "ato de terrorismo". "É um ato criminoso, um ato de terrorismo não apenas contra Belaid, mas contra todo o país", afirmou à rádio Mosaique FM, e prometeu fazer todo o possível para que o assassino seja encontrado rapidamente. Segundo Jebali, Belaid foi liquidado por três balas disparadas à queima-roupa por um indivíduo que vestia uma espécie de casaco com capuz.

O líder do Ennahda também denunciou o crime. "Eles querem um banho de sangue, mas eles não vão sair vitoriosos" em criar um, afirmou Ghannouchi. "Podemos apenas condenar este ato covarde, que tem por objetivo minar a revolução e a estabilidade da Tunísia", completou. Diante do hospital do bairro Ennasr de Túnis, onde encontra-se o cadáver de Belaid, uma multidão raivosa também se reuniu, acusando o Ennahda e pedindo "uma nova revolução". "Ghannouchi, cachorro asqueroso", gritava o pai da vítima, entre soluços.

Hamma Hammami, chefe da Frente Popular e próximo a Belaid, denunciou um "crime político". "Foi cometido por partidos políticos que querem afundar o país no assassinato e na anarquia. Todo o governo, todo o poder assume a responsabilidade deste odioso crime, já que as ameaças contra Chokri e outros não datam de hoje", disse. A violência social e política se multiplicou no país nos últimos meses. Vários partidos da oposição e sindicalistas acusaram milícias pró-islâmicas de ataques contra os opositores ou seus escritórios.

Por outro lado, a Tunísia está presa em um beco sem saída político devido à falta de compromisso sobre a futura Constituição, que bloqueia a organização de novas eleições. Em suma, a coalizão no poder dirigida pelo Ennahda atravessa uma grave crise, já que seus dois aliados de centro-esquerda, Ettalatol e o Congresso para a República, exigem uma ampla remodelação ministerial para retirar dos islamitas as principais pastas.