Cairo - A atual crise no Egito "pode conduzir a um colapso do Estado", afirmou nesta terça-feira (29/1) o ministro da Defesa, o general Abdel Fatah al Sisi, que acrescentou que o exército se ocupará de proteger as infraestruturas vitais, sobretudo o canal de Suez, após cinco dias de confrontos sangrentos no país.
O ministro, também comandante das forças armadas, se referia aos últimos distúrbios no país, que deixaram ao menos 52 mortos e centenas de feridos, sobretudo nas províncias situadas no Canal de Suez, no nordeste do Egito.
"O prosseguimento do conflito entre as forças políticas e suas divergências sobre a direção do país podem conduzir a um colapso do Estado e ameaçar as gerações futuras", disse perante jornalistas da academia militar.
"Os desafios e os problemas políticos, econômicos, sociais e de segurança que o Egito enfrenta atualmente constituem uma ameaça real para a segurança e a estabilidade do Estado", advertiu o general Sisi, cujas declarações foram publicadas na página do Facebook do porta-voz do exército. "Se as forças políticas não agirem" para resolver a crise, ela - insistiu - "pode ter repercussões graves".
O ministro considerou que "as tentativas de atentar contra a estabilidade das instituições do Estado é algo perigoso que prejudica a segurança nacional e o futuro do país", mas assegurou que "o exército permanecerá forte e unido, e continuará sendo o pilar dos fundamentos do Estado". "É o exército de todos os egípcios de todas as confissões e etnias", disse.
O alerta de Sisi foi feito no momento em que médicos informaram nesta terça-feira sobre três novas mortes pela violência que atinge o país, que elevaram o número de vítimas fatais para 52 em cinco dias de tumultos.
Duas pessoas faleceram em confrontos entre manifestantes e forças de segurança em Port Said, enquanto outra pessoa foi baleada no Cairo quando policiais e civis se enfrentavam perto da Praça Tahrir.
Os confrontos entre manifestantes e forças de segurança explodiram durante a celebração do segundo aniversário do início da revolta contra o ex-presidente Hosni Mubarak. Tinham como pano de fundo o descontentamento com o atual chefe de Estado, o islamita Mohamed Mursi.
Mas os confrontos mais sangrentos ocorreram em Port Said, com 42 mortos durante o fim de semana após a condenação à morte ditada no sábado contra 21 torcedores de um clube de futebol local no julgamento por enfrentamentos mortíferos em 2012 após uma partida.
O exército foi mobilizado neste mesmo dia em Port Said, mas os distúrbios prosseguiram.
"A mobilização em Port Said e em Suez tem como objetivo proteger as infraestruturas vitais e estratégicas do país, à frente das quais encontra-se o Canal de Suez, que não permitiremos que seja atentado, e ajudar o ministério do Interior, que desempenha seu papel com valentia e honra", afirmou o ministro.