Jerusalém - A chancelaria israelense disse nesta segunda-feira (28/1) estar surpresa com o acordo anunciado na véspera entre Argentina e Irã para criar uma comissão independente destinada a investigar o atentado antissemita realizado em Buenos Aires em 1994, no qual 85 pessoas morreram.
"As notícias nos surpreenderam", disse o porta-voz da chancelaria, Yigal Palmor. "Estamos esperando receber dos argentinos todos os detalhes sobre o que está ocorrendo, porque obviamente este tema está diretamente relacionado a Israel". No domingo, a presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciou que seu governo havia assinado um acordo com o Irã para criar uma comissão independente com o objetivo de investigar o atentado de 1994 em Buenos Aires contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), que deixou 85 mortos e pelo qual a justiça argentina reivindica a extradição de oito iranianos.
Segundo o acordo, "autoridades judiciais argentinas poderão, pela primeira vez, interrogar pessoas para quem a Interpol emitiu notificação vermelha", disse a presidente, que lembrou que o acordo "deverá ser tratado e ratificado pelos parlamentos de ambos os países".
[SAIBAMAIS]Argentina e Irã iniciaram, em outubro passado, negociações na sede da ONU, em Genebra, para resolver as ações judiciais pendentes na investigação do atentado, pelo qual a justiça argentina exige desde 2006 a extradição de oito iranianos, incluindo o atual ministro da Defesa, Ahmad Vahidi, e o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani. O Irã sempre negou ter participado do atentado e rejeitou prender os suspeitos.
Estes contatos entre Irã e Argentina que levaram ao acordo selado na Etiópia, segundo a imprensa argentina, despertaram as críticas de Israel, assim como da comunidade judaica argentina, composta por cerca de 300 mil membros, a mais importante da América Latina. O ataque contra a AMIA ocorreu dois anos após um atentado contra a embaixada de Israel em Buenos Aires, no qual 29 pessoas morreram e 200 ficaram feridas.