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Confrontos em funerais no Egito matam seis e deixam mais de 600 feridos

Cairo - Seis pessoas morreram e mais de 600 ficaram feridas neste domingo em atos de violência em Porto Said durante os funerais dos 31 mortos nos confrontos da véspera.

Ante esta escalada de violência, o presidente egípcio, o islamita Mohamed Mursi, vai dirigir-se à nação na noite de domingo, segundo anunciou a tv estatal.

Milhares de pessoas participaram neste domingo, em um forte clima de tensão, nos funerais dessas 31 pessoas mortas durante os confrontos ocorridos depois da condenação à pena capital de 21 torcedores de uma equipe de futebol local, Al Masry.

Esses seguidores foram condenados por seu envolvimento nos atos de violência que, em fevereiro de 2012, deixaram 74 mortos, depois de uma partida contra uma equipe do Cairo, o Al Ahly.

O balanço oficial das pessoas mortas no sábado subiu para 31, mas o número de vítimas exato de pessoas enterradas neste domingo ainda não é conhecido.

Fontes médicas indicaram à AFP que todas as vítimas de sábado morreram por impacto de balas de verdade. O exército desmentiu ter utilizado este tipo de munição.



Durante o traslado dos falecidos da mesquita até o cemitério, foram ouvidos vários disparos de procedência desconhecida, o que provocou pânico entre multidão.

Os habitantes que participavam no cortejo fúnebre ocuparam a rua principal da cidade. Algumas expressaram sua revolta com o poder islamita, gritando "Abaixo o poder do guia" da Irmandade Muçulmana, a formação à qual pertence o presidente Mohamed Mursi.

Os militares se posicionaram na cidade portuária para proteger os prédios públicos e outros lugares emblemáticos.

Alguns habitantes de Porto Said asseguram que as condenações à morte foram motivadas pelo desejo de evitar confrontos ainda mais graves com membros da torcida organizada do Al Ahly, que ameaçaram semear o caos se o veredicto não fosse suficientemente severo.

"É um veredicto político que sacrificou nossos filhos para evitar o caos. Nossos filhos são bodes expiatórios", afirmou um dos habitantes, Ashraf Sayed.

No sábado, vizinhos de Porto Said atacaram duas delegacias e parentes dos condenados à morte tentaram atacar a prisão na qual os réus estão detidos.

Desde sexta-feira, várias cidades do Egito, entre elas a capital, viveram confrontos durante a celebração do segundo aniversário do início do movimento popular que depôs o então presidente Hosni Mubarak.

No Cairo, este domingo, prosseguiam, pelo quarto dia consecutivo, os choques entre pequenos grupos de jovens manifestantes e policiais perto da praça Tahrir, onde as forças de segurança respondiam às pedradas com bombas de gás lacrimogêneo.

Em Suez, também foram registrados confrontos durante a noite na entrada do canal de mesmo nome, onde quatro delegacias foram atacadas.

A embaixada dos Estados Unidos anunciou que suspendeu seus serviços ao público por estes confrontos que transcorreram próximo as suas instalações.